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    Ouvidor estadual de SP critica órgão municipal de denúncias

    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    29/08/2014 02h00

    O ouvidor de polícias do Estado de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, criticou nesta quinta-feira (28) o projeto da prefeitura de criar uma ouvidoria municipal de direitos humanos.

    A Folha revelou ontem que, com o órgão, a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) pretende receber, entre outras funções, denúncias de abusos praticados por policiais civis e militares.

    "Ficamos alegres que seja criada [a ouvidoria municipal], mas que ela cuide das coisas da prefeitura, não do que pertence ao Estado", disse Neves, no cargo desde janeiro. Segundo ele, no ano passado, o órgão estadual recebeu mais de 13 mil denúncias contra policiais.

    Por lei, o ouvidor estadual de polícias é indicado pelo governador a partir de uma lista com três nomes escolhidos em votação entre entidades de defesa dos direitos humanos. O mandato dura dois anos.
    "Nós somos representantes de entidades de direitos humanos, somos totalmente independentes", disse Neves.

    Antes dele, quem ocupava o cargo era Luiz Gonzaga Dantas, que teve o mandato prolongado por mais de dois anos em decreto do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

    Na época, entidades disseram que o governo estava interferindo na ouvidoria.

    Um dos argumentos da prefeitura para criar o órgão é de que a população não denuncia abusos por medo de vazamento da identidade. "Em 19 anos de ouvidoria, nunca houve uma falta de sigilo", rebate Neves.
    vereadores

    O projeto será enviado à Câmara neste semestre.

    Vereadores da chamada "bancada da bala" -grupo de policiais da reserva que se elegeram em 2012- também criticaram a proposta.

    "Não entendo por que a prefeitura quer ir atrás de polícia. Não é da sua alçada", diz Conte Lopes (PTB). "É inútil, a prefeitura deveria cuidar de outras coisas", disse Coronel Telhada (PSDB).

    A Folha procurou Arselino Tatto, líder do PT na Câmara, mas não o encontrou para comentar o projeto.

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