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    No RS, paisagista projeta jardim em homenagem a Bernardo

    PAULA SPERB
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    31/08/2014 18h45

    Amigos e pessoas que conviveram com o menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril deste ano no interior do Rio Grande do Sul, aos 11 anos, planejam criar um jardim na cidade de Três Passos (a 389 km de Porto Alegre), onde ele vivia, em memória ao garoto.

    Em entrevista por telefone à Folha, a paisagista Sonia Kuhn contou detalhes sobre o projeto. Ela é funcionária do município e conviveu com Bernardo porque é amiga da família Petry, que dava assistência ao garoto.

    Segundo Sonia, o grupo espera que a prefeitura doe um terreno em local ainda não definido para a construção do jardim, que seria criado de forma voluntária pelo grupo de amigos.

    "Não é um lugar para acender velas, mas um local de busca por equilíbrio", afirma Sonia. Segundo ela, o objetivo do espaço também é promover o convívio entre as famílias, substituindo o sentimento de dor na cidade pela morte de Bernardo por sensações positivas. Por este motivo, afirma, o jardim será "sensorial".

    "Terá caminhos com pedriscos para que as crianças caminhem de pés descalços e tenham sensações nos pés. Vamos usar diversas plantas aromáticas para que as crianças sintam os cheirinhos", conta a paisagista. Entre as plantas que pretende plantar, ela cita lavanda, alecrim, manjericão, sálvia, poejo, cidreira e capim-limão.

    Pelo projeto de Sonia, os caminhos do jardim conduzirão até bancos posicionados abaixo de pergolados floridos. A inspiração vem da própria paixão de Bernardo pela natureza, segundo a paisagista. O espaço está sendo chamado provisoriamente de "Jardim do Bê", uma referência ao modo como as pessoas próximas chamavam o menino.

    O ponto principal do jardim deve ser uma fonte, de acordo com a paisagista. Sonia também construiu a fonte da residência da família de Bernardo. "Eu fiz a fonte com ajuda dele", conta sobre o local que diz ter sido o preferido do garoto na casa.

    "O Bernardo era uma criança que quando encontrava a gente, dava aquele abraço apertado. Sentia uma falta de carinho", conta Sonia. Segundo a paisagista, o jardim é uma forma de expressar o carinho que os amigos sempre sentiram por ele.

    O CASO

    O corpo de Bernardo Boldrini, de 11 anos, foi encontrado no dia 14 de abril dentro de um saco plástico em um matagal em Frederico Westphalen (a 364 km de Porto Alegre), cidade vizinha a Três Passos.

    Quatro pessoas estão presas por suspeita de participação no assassinato do garoto: o pai, o médico Leandro Boldrini; a madrasta, Graciele Ugulini; uma amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz; e o marido dela, Evandro Wirganovicz.

    Leandro Boldrini nega participação no crime, e a madrasta diz que a morte foi acidental, após um erro na dosagem de um calmante dado ao enteado.

    Edelvânia afirma a que ajudou a ocultar o corpo do garoto após sofrer "pressão psicológica". Evandro Wirganovicz, acusado de ter cavado a cova em que o corpo de Bernardo foi enterrado, nega participação no crime.

    Neste sábado (30), Jader Marques, advogado que defendia Leandro Boldrini, anunciou que deixou o caso "por divergências" com o cliente "sobre a condução da sua defesa técnica". O novo defensor de Boldrini ainda não foi definido.

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