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    Airbus culpa TAM, Infraero e pilotos por desastre em 2007

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    01/09/2014 02h00

    A fabricante Airbus disse à Justiça que os dois pilotos, a TAM e as condições de Congonhas são os responsáveis pelo acidente em que um avião, ao tentar pousar no aeroporto paulistano, cruzou toda a pista e explodiu contra um prédio, em 17 de julho de 2007.

    Foi o maior desastre da história com uma empresa aérea brasileira: 199 mortos.

    É a primeira vez que vêm à tona declarações da Airbus sobre as causas do acidente. A empresa europeia fabrica o A320, modelo que se acidentou. Em público, ela nunca havia atribuído culpa aos envolvidos -a TAM é sua maior cliente na América Latina.

    As declarações estão em processo cível a que a Airbus responde na Justiça. A ação foi movida pela Itaú Seguros, seguradora da TAM e, como tal, incumbida de pagar as indenizações em razão da tragédia.

    A Itaú está processando a Airbus para tentar reaver o que gastou; para isso, argumenta ter havido falha no projeto da aeronave, o que a fabricante nega. A ação tem valor de R$ 350 milhões. Ainda não há sentença.

    Ao se defender no processo, a Airbus sustenta que o comandante Kleyber Aguiar Lima e o copiloto Henrique Stefanini Di Sacco, que morreram na tragédia, são os principais culpados. E TAM e Congonhas, administrado pela Infraero, contribuíram para que o desastre ocorresse.

    Rogério Cassimiro - 17.jul.2007/Folhapress
    Bombeiros tentam apagarfogo causado por acidente com avião da TaM em Congonhas
    Bombeiros tentam apagarfogo causado por acidente com avião da TaM em Congonhas

    Os pilotos, segundo a fabricante, não usaram o procedimento correto para um avião com um reversor inoperante, caso do A320 naquele dia.

    O reversor é um dispositivo nas turbinas que ajuda a aeronave a frear -desde quatro dias antes do acidente, estava desativado.

    Em 2006, a Airbus havia determinado que, mesmo com um reversor sem operar, os dois manetes (que controlam a potência do avião) teriam de ser puxados para trás logo depois da aterrissagem.

    Esse movimento, que aciona os reversores, deveria ser feito mesmo com um deles inoperante, para evitar que a assimetria dos manetes pudesse descontrolar o avião.

    O comandante Lima, afirma a Airbus em sua defesa, colocou um dos manetes em posição errada, a de aceleração, o que fez o avião não parar logo depois de pousar.

    É a mesma conclusão a que chegou a Polícia Federal em relatório de 2009.

    SEM PROVAS

    A Aeronáutica, que investigou o acidente, não achou provas que apontassem responsabilidade dos pilotos. Elencou apenas hipóteses: erro dos pilotos ou do projeto da aeronave, que não alertou a tripulação da assimetria.

    A Airbus nega ter havido erro seu. E diz que o copiloto Di Sacco poderia ter visto a assimetria e avisado o comandante, mas não o fez. Contribuiu para isso a sua falta de experiência, segundo a fabricante.

    Os erros dos pilotos foram possíveis, continua a Airbus, em razão do "ambiente permissivo e desorganizado na companhia aérea e pela desorganização administrativa em que se encontrava a aviação civil no Brasil -essas as concausas do acidente".

    Nenhuma das envolvidas (Airbus, TAM, Infraero e Itaú) quis falar sobre o processo -a Infraero se resumiu a dizer que a pista de Congonhas estava e está em boas condições.

    Editoria de arte/Folhapress

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