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    Caixa oferece com desconto imóvel interditado por falta de segurança

    ESTÊVÃO BERTONI
    ENVIADO ESPECIAL A PRAIA GRANDE

    02/09/2014 01h30

    Moradores de um conjunto habitacional da Caixa em Praia Grande, no litoral paulista, receberam do banco uma proposta de compra antecipada dos imóveis com descontos de até 35%.

    Todos os 160 apartamentos, porém, estão interditados por falta de segurança.

    A reportagem tomou conhecimento desse caso por meio do Folhaleaks, canal criado pelo jornal para receber dados e documentos.

    O conjunto Gaivotas tem ferragens expostas, infiltrações, problemas de drenagem e de tratamento de esgoto e "sistema de prevenção e combate a incêndio inoperante".

    As informações são da prefeitura, que notificou os moradores em 1º de agosto para desocuparem as unidades.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Operários trabalham na fachada do condomínio em Praia Grande, interditado por falta de segurança;
    Operários trabalham na fachada do condomínio em Praia Grande, interditado por falta de segurança

    O condomínio, na periferia da cidade, foi feito pelo PAR (Programa de Arrendamento Residencial). São 160 unidades divididas em dez blocos de quatro andares cada.

    Os moradores arrendam os imóveis e têm opção de compra após 15 anos. As parcelas mensais chegam a R$ 251. Os apartamentos, de 46 m², foram avaliados em contratos de 2008 em R$ 31 mil.

    O banco diz que pediu a suspensão do aviso de desocupação e que já iniciou uma reforma. A oferta de compra antecipada, segundo a Caixa, faz parte de plano nacional para todos os arrendatários.

    Após a entrega das chaves, em 2005, os problemas começaram a aparecer, de acordo com os moradores. Um dos blocos está abandonado e já foi invadido e incendiado por usuários de drogas da região.

    Em outro, a diarista Maria Aparecida Leite, 60, teve seu apartamento alagado pelas chuvas em 2008. Devido às enchentes, que inutilizam os apartamentos térreos de três blocos, ela foi transferida para o segundo andar.

    No apartamento de Gisleine Aparecida Henrique, 47, os azulejos estão descolados, e as paredes esfarelam por causa das infiltrações. Técnica de planejamento, ela costuma usar as férias para fazer pequenas reformas no local.

    Segundo o advogado que representa alguns dos moradores, Emílio Florentino, 25 deles entraram na Justiça contra a Caixa, mas, até agora, a causa não foi julgada.

    Um dos condôminos mais antigos, Anderson Cordeiro da Cruz, 31, diz ter descartado a compra antecipada após o aviso para sair do prédio. "Tem muito pepino para resolver aqui. O pior é não ter o que foi prometido", afirma.

    Ele reclama da falta de segurança e diz que porteiros já deixaram de ir trabalhar durante três dias seguidos. Encomendas, segundo ele, são furtadas na portaria e 28 bicicletas já foram levadas de dentro do condomínio, administrado pela Contasul, empresa contratada pela Caixa.

    O banco diz que não soube dos problemas, mas que vai apurá-los. Segundo a Caixa, após reforma, o condomínio poderá adotar, se aprovado em assembleia, a gestão compartilhada, que lhe permitirá escolher a administradora.

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