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    'Isso ia acontecer', diz viúva após nova prisão de assassino de Glauco

    NATÁLIA CANCIAN
    DE SÃO PAULO

    02/09/2014 01h30

    Divulgação
    Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, é preso por suspeita de latrocínio pela polícia de GO
    Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, é preso por suspeita de latrocínio pela polícia de GO

    A viúva do cartunista Glauco Vilas Boas, morto em 2010, afirma que a prisão de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, sob suspeita de um novo crime já era prevista e que a Justiça cometeu "uma grande falha" ao liberá-lo.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

    "Estava na cara que isso iria acontecer de novo. Sempre tive certeza que ele ia cometer um novo crime. Só rezava que não fosse aqui", disse Beatriz Galvão Veniss, 53.

    "Sinto muitíssimo pelas famílias que agora sofrem por mais uma perda. Mas eu me sinto um pouco aliviada em saber que ele está preso. Espero finalmente ficar livre."

    Para Beatriz, a equipe médica e a juíza Telma Aparecida Alves, que decidiu pela liberação de Cadu em agosto de 2013, cometeram um erro.

    Na época, após pedir a avaliação de uma junta médica, a juíza decidiu que Cadu estava em condições de sair da clínica psiquiátrica, em Goiânia, e continuar o tratamento em um Caps (centro de atenção psicossocial).

    A medida ocorreu dois anos após Cadu ser considerado inimputável (incapaz de responder pelos seus atos).

    Beatriz rebate. "É lógico que ele tinha controle dos próprios atos", diz. "Nunca fiquei sossegada. Ele é monstruoso, um assassino frio. Ele não só matou, como torturou, bateu no Glauco, em mim. Ele fez isso com a maior crueldade", relata a viúva, que estava em casa no dia do crime.

    Agora, ela cobra uma resposta do Judiciário. "Se soltarem ele de novo, a Justiça vai passar a ser não só cega, mas também surda e muda."

    Cadu conhecia a família por meio da igreja Céu de Maria, fundada por Glauco e que segue rituais do Santo Daime, como uso de chá alucinógeno. A morte do cartunista e do filho dele reabriu a discussão sobre práticas religiosas e os efeitos da substância.

    Para Beatriz, o desenrolar do caso mostra que o argumento não fazia sentido. "O que ele fez agora ele já havia feito antes. Mas antes tinha uma religião envolvida e aí foi muito fácil para eles culparem a religião. E agora, vão culpar quem?"

    "Tenho depoimentos gravados em que eu disse que ia acontecer exatamente isso: que a juíza ia assinar um alvará de soltura junto com um atestado de óbito", disse Alexandre Miguel, advogado da família de Glauco.
    O Tribunal de Justiça de Goiás não comentou o caso.

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