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    Crise da água

    Governo de SP tem gasto extra para bombear água do sistema Cantareira

    ARTUR RODRIGUES
    HELOISA BRENHA
    DE SÃO PAULO

    06/09/2014 02h00

    O bombeamento do "volume morto" do sistema Cantareira, cujas obras consumiram cerca de R$ 80 milhões, tem representado um custo extra para os cofres públicos e para o meio ambiente.

    Inaugurado há quase quatro meses, o equipamento, que capta a água reservada abaixo das comportas das represas, até hoje não foi conectado à rede elétrica e está funcionando à base de diesel.

    A Sabesp, empresa de saneamento do Estado, estima gastar em média R$ 30 mil por dia para poder ligar as bombas. Como elas operam desde 15 de maio, os gastos da estatal com o combustível já chegam a R$ 3,4 milhões.

    O diesel é uma das fontes energéticas mais poluentes, pois libera gases tóxicos e causadores de efeito estufa ao ser queimado.

    A Sabesp afirma que teve de utilizar o combustível, pois não havia energia elétrica na região das represas, próximo ao município de Piracaia (a 88 km de SP). Inicialmente, a companhia afirmou que a estimativa é que a energia elétrica, sob a responsabilidade da concessionária local, chegaria ainda em setembro.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Evolução do sistema de captação do 'volume morto' do sistema Cantareira, em Joanópolis (SP), na época da obra emergencial, em maio, e nesta sexta (5)
    Evolução da captação do 'volume morto' do Cantareira, na época da obra, em maio, e nesta sexta

    A versão da estatal foi contestada pela Elektro, empresa de energia na região, que afirma que a rede está disponível desde 11 de julho.

    "A Sabesp já recebeu uma conta de energia e logo receberá a segunda, que comprovam que o serviço foi feito", disse a companhia.

    Procurada, a Sabesp voltou atrás e admitiu que "a instalação da rede de energia ocorreu em 11 de julho".

    Disse, porém, que só depois pôde "realizar procedimento licitatório" para conectar a rede às bombas, o que deve ocorrer neste mês.

    A estatal ainda diz que a despesa com eletricidade deve cair para cerca de R$ 25 mil por dia e que as obras foram feitas seguindo as normas ambientais.

    Segundo o professor de gestão ambiental da USP Sergio Almeida Pacca, a geração de energia a diesel custa dez vezes mais do que a feita por hidrelétricas, que não poluem a atmosfera e são a principal fonte do sistema elétrico nacional. "Além disso, a combustão [do diesel] emite outros poluentes que causam efeitos locais e danos à saúde humana", diz o professor. A Sabesp afirma que o uso do óleo não afeta os mananciais.

    'VOLUME MORTO'

    Medida emergencial, o "volume morto" está sendo utilizado para garantir o abastecimento da Grande São Paulo devido à crise que afeta o sistema Cantareira.

    Fonte de água para 9 milhões de pessoas na região metropolitana, o sistema chegou a 8,2% de sua capacidade de armazenamento antes do uso da reserva.

    Depois, passou a 26,7%, nível que vem caindo rapidamente desde então. Ontem (5/9), tinha somente 10,5% da água que é capaz de guardar.

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