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    Paulo Gratacós (1932-2014) - Foi cassado pela ditadura militar

    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    09/09/2014 00h01

    Em 1969, o arquiteto Paulo Gratacós, então prefeito de Petrópolis (RJ), recebeu a visita de um almirante da Marinha que queria uma solução rápida para um problema em sua rua.

    Meses antes, o AI-5 havia endurecido ainda mais a ditadura militar no país.

    Recusar uma ajuda ao almirante poderia render problemas a Gratacós, filiado ao MDB —único partido que tinha permissão para fazer oposição ao regime.

    O prefeito recusou a solução. "Paulo disse que, no momento, havia outra prioridade", conta Lucilla Braga, 75, mulher de ex-prefeito.

    Não se sabe se o episódio foi o estopim, mas Paulo Gratacós, eleito em 1966, foi cassado em outubro de 1969 pela junta militar que governou o país após a saída de presidente Costa e Silva.

    "Paulo ficou sabendo pelo rádio que anunciou uma série de deputados e prefeitos que estavam sendo cassados naquele dia", conta Lucilla.

    "Foi cassado porque era contra a ditadura, mas ele não era comunista, era um democrata. Não tinha medo de falar o que pensava", afirma Lucilla.

    Após a cassação, Paulo se afastou da política, para o "alívio" da mulher. Voltou a se dedicar à arquitetura, sua profissão de origem.

    Vinte anos depois, resolveu retornar às atividades políticas. Em 1989, candidatou-se e se elegeu prefeito de Petrópolis. Ocupou o cargo até 1992, quando conseguiu eleger um aliados.

    Paulo Gratacós morreu, aos 82 anos, na quarta (3), de uma doença no sangue. Deixa mulher, dois filhos e três netos.

    coluna.obituario@uol.com.br

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