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    Encaminhar famílias para invasão sem-teto é ilegal, diz Haddad

    DE SÃO PAULO

    10/09/2014 12h15

    O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou nesta quarta (10) que o encaminhamento de moradores de para invasões de sem-teto é uma ilegalidade e que provavelmente as funcionárias responsáveis pela ação serão afastadas.

    Reportagem da TV Globo nesta quarta mostra documentos assinados pelas funcionárias da Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social Sebastiana da Silva Fontes (assistente de gestão de políticas públicas) e Leomira do Socorro Souza Monteiro (técnica administrativa) que direcionam pelo menos duas famílias para o prédio do antigo Cine Marrocos invadido por sem-teto ligados ao MSTS (Movimento Sem-Teto de São Paulo).

    "Jamais um servidor público pode ter esse tipo de conduta. Mesmo que tenha feito de boa fé é uma ilegalidade", disse. "[Elas] vão responder por isso."

    Ele ressaltou que o único procedimento padrão é encaminhar os moradores de rua para centros de acolhimento da prefeitura. "Garanto que elas [as funcionárias] não foram orientadas [a fazer o encaminhamento para a invasão]", disse.

    Haddad afirmou não conhecer o MSTS. "E já foi pedido inclusive a reintegração daquela área [o Cine Marrocos]. Aquela área é destinada a educação".

    A Folha conversou nesta quarta-feira de manhã com designer gráfico Alessandro Feitosa, 38. Ele ocupa um quarto no prédio invadido desde novembro.

    Reprodução
    Exemplo de uma declaração de encaminhamento feito por uma assistente social
    Exemplo de uma declaração de encaminhamento feito por uma assistente social

    Feitosa diz que ficou sabendo por um amigo na época que o prédio invadido poderia receber mais gente. "Procurei os líderes da invasão e me disseram que eu só conseguiria um quarto se eu comprovasse estar em situação vulnerável [sem dinheiro, sem moradia, etc...]. Aí perguntei como comprovaria isso. Foi então que me falar para pedir um atestado para a prefeitura", disse.

    O designer afirma que procurou o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) do Bresser. Lá explicou o que acontecia e obteve uma carta atestando sua situação. O documento, em papel timbrado da Prefeitura de São Paulo, é assinado por um servidor e endereçado ao Movimento Sem Teto de São Paulo.

    O diretor jurídico do MSTS, Douglas Gomes, 36, afirmou que a "prática é rotineira". "Isso acontece desde o final do ano passado. O procedimento acabou em fevereiro, até para evitar ligações eleitorais. Mas informalmente, muita gente ainda vem em busca disso", disse.

    Ele admite que o MSTS exige confirmação de vulnerabilidade social daqueles que pedem para entrar em áreas invadidas, mas nega que exija que a declaração de pobreza seja emitida pela prefeitura. "Nós queremos evitar que pessoas que tenham melhores condições morem aqui", afirmou.

    A declaração fornecida pelas funcionárias diz ainda que as pessoas encaminhadas não têm, inicialmente, dinheiro para contribuir com o rateio das despesas da ocupação. Atualmente, o MSTS cobra R$ 200 por mês de cada família invasora.

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