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    Dirigentes da Santa Casa pedem demissão

    THAIS BILENKY
    ROGÉRIO PAGNAN
    NATÁLIA CANCIAN
    DE SÃO PAULO

    15/09/2014 18h50

    A revelação pela Folha de que dois integrantes da cúpula da Santa Casa de São Paulo receberam ao menos R$ 100 mil, a título de consultoria, do principal fornecedor do hospital levou à demissão dos dirigentes.

    Nesta segunda-feira (15), a instituição informou que Antonio Carlos Forte, então superintendente, e Hercílio Ramos, agora ex-tesoureiro, oficialmente pediram o desligamento de suas funções.

    Ambos são sócios na empresa Apocatú, que teve contrato entre 2008 e 2013 com a Andrade Gutierrez. A empresa na área hospitalar do grupo, a Logimed, é a principal fornecedora do hospital.

    A Santa Casa enfrenta uma grave crise financeira. Viu sua dívida saltar de R$ 70 milhões para R$ 350 milhões nos últimos seis anos. Além disso, deve R$ 45 milhões a fornecedores –R$ 25 milhões só à Logimed.

    Segundo o provedor, Kalil Rocha Abdalla, a dívida com fornecedores provocou o fechamento do pronto-socorro em julho, devido à falta de materiais básicos, como gaze e esparadrapo. Com aporte de R$ 3 milhões do governo do Estado, o pronto-socorro foi reaberto 28 horas depois.

    Os antigos superintendente e tesoureiro não especificaram em quais projetos prestaram consultoria ao grupo Andrade Gutierrez.

    Forte chegou a citar uma casa para idosos, mas disse que a instituição não chegou a ser construída.

    No primeiro contato com a reportagem, o superintendente reconheceu que a consultoria configurava conflito de interesses: "É uma coisa que até me incomodava. Por isso nós paramos de fazer".

    Depois, em nota assinada em conjunto com o sócio, afirmou que não havia "impedimento legal ou ético". Os dois disseram que as consultorias não trouxeram "nenhum ônus" para a Santa Casa.

    O tesoureiro sempre negou conflito de interesses e disse que enviaria à reportagem os detalhes dos projetos de consultoria, o que não ocorreu.

    A Santa Casa tem uma gestão profissional, em que os funcionários são remunerados e o cargo cargo máximo é o do superintendente. Paralelamente, possui um quadro de voluntários, como o provedor e o tesoureiro.

    A Andrade Gutierrez disse que a consultoria foi legítima e que "repudia qualquer ilação de benefício concedido a uma de suas empresas, como fruto de serviços prestados pela consultoria".

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