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    Brasil registra transmissão de vírus 'primo da dengue' pela primeira vez

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    16/09/2014 17h56

    Pela primeira vez na história, o país registrou transmissão do vírus chikungunya em território brasileiro. A febre chikungunya, conhecida como a "prima da dengue", também é transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.

    Segundo informou o Ministério da Saúde, nesta terça-feira (16), dois casos –de um pai de 53 anos e sua filha de 31 anos– foram confirmados em Oiapoque (AP); e tudo indica que não são casos importados.

    "Como eles não relataram viagem a nenhum país que tenha transmissão, estamos considerando dois casos autóctones", afirmou Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério.

    Até então, o país tinha sido informado sobre 37 casos "importados", ou seja, em pessoas que foram infectadas no exterior. Antes de 2014, o Brasil só havia registrado três casos "importados" da doença, todos em 2010. Nenhuma morte foi registrada pelo chikungunya no país.

    Os sintomas de dengue e chikungunya são muito parecidos, incluindo febre, mal estar, dor de cabeça e dores nas articulações –no chikungunya, essas dores podem se prolongar por três meses. De acordo com Barbosa, a febre chikungunya raramente se torna um caso grave, o que pode acontecer em idosos com comorbidades, como câncer e cardiopatias graves.

    Barbosa diz que será difícil conter a infecção pela doença, o que outros países também não conseguiram –casos já foram registrados em quase todos os países do Caribe, nos Estados Unidos, na Venezuela, Guiana, Panamá, além da transmissão já consolidada em países da Ásia e África.

    Assim como a dengue, a transmissão dessa febre se concentra nos verões com chuva, ou seja, entre janeiro e maio no Brasil. E a prevenção é a mesma, com eliminação de focos de água parada, em que pode haver reprodução dos mosquitos. Como diferença, o chikkungunya tem apenas um tipo, enquanto a dengue tem quatro.

    Barbosa afirma ser difícil prever o comportamento do novo vírus no curto prazo. "Em saúde pública, sempre nos preparamos para o pior cenário. O que é isso no momento? Se houver proliferação de mosquito, pode haver [muita transmissão]. Pode ser que não ocorra no verão de 2014 para 2015, mas de 2015 para 2016. Mas não vale a pena apostar no chikungunya."

    Desde dezembro de 2013, as Américas registraram 650 mil casos suspeitos dessa febre, com cerca de 9 mil casos confirmados em laboratório.

    "Desde o final de 2013, com a chegada da transmissão nas Américas, o Brasil intensificou a preparação. Fizemos plano de contingência, que vem sendo aplicado", diz Barbosa.

    A preocupação do ministério é que, frente à nova doença circulando no país, os profissionais de saúde deixem de diagnosticar a dengue nos pacientes, que se transforma em casos graves mais facilmente.

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