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    Secretário do Maranhão é demitido após nova fuga em Pedrinhas

    ESTÊVÃO BERTONI
    DE SÃO PAULO

    17/09/2014 12h30

    Reprodução/GloboNews
    Presos pulam muro de presídio em Pedrinhas, no Maranhão; situação é tensa no local
    Presos pulam muro de presídio em Pedrinhas, no Maranhão; situação é tensa no local

    O secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchôa, foi demitido nesta quarta-feira (17) após mais uma fuga de presos do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.

    Durante a madrugada, 13 detentos de uma das unidades do complexo fugiram por um túnel cavado por eles. O número foi informado no fim da tarde, após recontagem feita pela Sejap (Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão).

    Ele será substituído interinamente por Marcos Affonso Junior, atual secretário da Segurança Pública do Estado.

    Uchôa é delegado e estava no cargo havia um ano e seis meses. Antes, tinha sido chefe da Casa de Detenção do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Entre 2005 e 2006, foi secretário-adjunto de Administração Penitenciária e, de 2010 a 2013, superintendente da Polícia Civil de São Luís.

    Pela manhã, o clima no presídio foi tenso. Detentos foram flagrados por câmeras da GloboNews tentando fugir do complexo pelo telhado. Alguns deles foram transferidos para outros presídios da capital maranhense, o que desagradou os presos. Policiais e um helicóptero foram enviados para reforçar a segurança do complexo.

    A fuga dos presos coincidiu com uma paralisação de 24 horas dos agentes penitenciários, que pedem melhores condições de trabalho. Cerca de 70% dos 240 agentes que atuam em Pedrinhas não trabalharam hoje, segundo o Sindspem (Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Maranhão).

    Durante a tarde, segundo o vice-presidente do sindicato, Cézar Castro Lopes, o presídio permaneceu cercado por policiais militares. Familiares tentavam fazer contato com os presos.

    Neste mês, os casos de violência se intensificaram em Pedrinhas. Na segunda-feira (15), o diretor da Cadet (Casa de Detenção), um dos oito presídios do complexo, foi preso sob suspeita de ter facilitado a fuga de sete detentos.

    No sábado (13), mais um preso foi morto no complexo. Foi a 16ª morte registrada em Pedrinhas neste ano. No ano passado, foram 60.

    CRISE EM PEDRINHAS

    Por causa da violência, o complexo chamou a atenção de órgãos internacionais. O local foi classificado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) como "extremamente violento" e "sem condições de manter a integridade física dos presos".

    Em abril deste ano, a Procuradoria-Geral da República chegou a informar que analisava a possibilidade de uma intervenção federal no Maranhão. A instituição não deu prazo para uma definição.

    No último dia 10, bandidos armados fizeram um caminhoneiro refém e o obrigaram a atingir, com o veículo, o muro do complexo penitenciário na quarta-feira (10). Houve troca de tiros e 36 presos escaparam do CDP (Centro de Detenção Provisória) pelo buraco aberto no local. O CDP tem capacidade para 402 detentos, mas abriga hoje 500.

    No dia 4 deste mês, um agente terceirizado foi baleado e um preso morreu durante rebelião.

    Em dezembro do ano passado, um caminhão-reboque, também roubado, foi usado em outra tentativa de derrubar o muro do presídio. O veículo bateu na calçada e não chegou a atingir a prisão.

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