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    Região central de SP terá mais três reintegrações de prédios invadidos

    GIBA BERGAMIM JR.
    HELOISA BRENHA
    VANESSA CORRE
    DE SÃO PAULO

    18/09/2014 02h00

    Novas reintegrações de posse devem ocorrer em prédios invadidos do centro de São Paulo a partir do mês que vem. Ao menos três já têm data marcada pela Justiça.

    As desocupações estão previstas em edifícios tomados pelos movimentos Frente de Luta por Moradia (FLM) e Movimento Sem-Teto de São Paulo (MSTS).

    Movimentos e Justiça confirmaram despejos marcados para os dias 2, 27 e 30 de outubro –400 famílias vivem nesses prédios. As datas podem ser alteradas em caso de acordo entre sem-teto, Polícia Militar e proprietários.

    Na terça-feira (16), o centro foi palco de confrontos entre sem-teto e policiais durante despejo num prédio invadido pela FLM na av. São João. A PM cumpria ordem judicial de reintegração, pedida pelos donos do prédio.

    Houve vandalismo e saques a lojas e um ônibus queimado. O pânico se espalhou, paralisando a região até a noite. Cinco pessoas foram presas.

    Em outubro, duas ocupações do MSTS devem sofrer despejo: a do antigo Museu do Disco, na rua Conselheiro Crispiniano, e de um prédio na praça da República, respectivamente em 2 e 30 de outubro. O MSTS, antes ligado ao PT, agora apoia o PSDB.

    Já a desocupação marcada para dia 27 é de um prédio na avenida Ipiranga, invadido pela FLM –grupo coordenado por pessoas filiadas ao PT.

    Segundo Carmen da Silva, da FLM, há despejos programados para novembro, em invasões nas ruas Líbero Badaró e José Bonifácio.

    "OPORTUNISTAS"

    O prefeito Fernando Haddad (PT) disse nesta quarta (17) que o movimento de moradia não deve se deixar usar por pessoas que fazem atos violentos. "Oportunistas se aproveitam da situação para promover ataques ao patrimônio público, aos lojistas, ao cidadão comum. O movimento tem de compreender que não deve deixar ser utilizado por eles."

    A avaliação é semelhante à da polícia, que diz ter identificado nos atos de terça a presença de dez "black blocs" –ativistas que defendem dano ao patrimônio nos protestos.

    Haddad também criticou o fato de os invasores resistirem ao despejo. "Não tem cabimento. A decisão judicial foi tomada, foi dado o tempo, os meios e os abrigos foram colocados à disposição."

    Ivonete Araújo, da FLM, nega ter havido resistência. "É lamentável o prefeito vir a público dizer isso, sendo que estivemos na Secretaria de Habitação reivindicando uma saída até as famílias conseguirem moradia definitiva e ninguém falou nada."

    Uma ação de desapropriação do imóvel, construído para ser um hotel, tramita desde 2012. A prefeitura diz que os R$ 40 milhões fixados pela Justiça são "exorbitantes" e não tem interesse em desapropriá-lo. O hotel nunca chegou a funcionar. Na ação, a empresa alega que tem uso, pois lá funciona seu escritório.

    Nesta quarta (17), os orelhões quebrados no centro eram os únicos sinais do "cenário de guerra" ocorrido do dia anterior. O comércio abriu normalmente, com exceção de duas lojas de telefonia e uma agência bancária –alvos de saques e depredação.

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