Um ônibus adaptado para poder navegar percorreu um trecho do rio Tietê, na manhã desta quarta-feira (17), em São Paulo. Cruzando a marginal do Cebolão até a zona norte da cidade, o veículo anfíbio fez três viagens.

No trajeto, era possível ver sofás, garrafas pet e outros restos de lixo espalhados pelas margens do rio que um dia serviu de parque de diversões' para os paulistanos.

"Lembro desse rio nos anos 1960. Remei aqui até os anos 80 e agora ele está esquecido", disse o aposentado Vicente de Souza, 71.

A ideia de usar um ônibus para transportar passageiros no Tietê faz parte da iniciativa "Por uma Cidade Navegável". O objetivo é chamar atenção das autoridades para o uso dos rios como via de transporte de massa.

	Lalo de Almeida/Folhapress
	Veículo anfíbio navega pelas aguas do rio Tietê, próximo a ponte dos Remédios, em São Paulo

O ônibus leva 27 pessoas e navega a 6km/h. Alexandre Delijaicov, 52, professor e coordenador do grupo Metrópole Fluvial da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, foi um dos passageiros.

Na opinião dele, os problemas de transportes de São Paulo são causados por um "urbanismo mercantilista e rodoviarista". "Transformamos os rios em canais estreitos de esgoto a céu aberto."

Para ele, a cidade poderia ser beneficiada pelo hidroanel, projeto do governo do Estado com 170 km de extensão, que incluiria os rios Tietê e Pinheiros e as represas Billings (zona sul e ABC).

"O transporte hidroviário precisa ser um complemento, interligado com corredores exclusivos de ônibus, ciclovias e a malha de trens", disse.

Hoje, o Tietê tem 41 km navegáveis, entre a Penha e a cidade de Santana do Parnaíba.

O passeio faz parte da divulgação da feira São Paulo Boat Show, que acontece de 25 a 30 de setembro no Transamerica Expo Center.