Apesar de apoiar investimento no transporte público e ciclovias, o paulistano está usando mais o carro e gastando mais tempo no trânsito.
É o que revela uma pesquisa feita pelo Ibope a pedido da Rede Nossa São Paulo, entidade que reúne organizações sociais da cidade, divulgada nesta quinta (18).
Segundo o levantamento, feito entre os dias 29 de agosto e 3 deste mês, com 700 entrevistados, o índice de pessoas que diz ter carro em casa subiu de 52% no ano passado para 62% neste ano.
A margem de erro é de quatro pontos percentuais.
O crescimento foi registrado em todas as faixas de renda, escolaridade e regiões da cidade. Entre quem ganha mais de cinco salários mínimos, o índice foi de 75% para 87%.
Também aumentou o uso do carro –subiu de 27% para 38% o número de pessoas que dizem utilizar o meio todos os dias ou quase sempre. Já nos ônibus o índice ficou estável (de 39% para 37%), assim como no metrô (de 22% para 21%).
Para 70% dos entrevistados o trânsito está ruim ou péssimo, índice próximo ao apurado em outras edições da pesquisa, feita desde 2008.
O levantamento aponta que o tempo total gasto no trânsito, incluindo todos os deslocamentos, é de 2h46min por dia, em média. O cálculo inclui todos os meios de transporte e representa aumento em relação à 2013, quando a média de tempo foi de 2h15min.
BICICLETA
Ao mesmo tempo que se mostra mais apegado ao carro, o paulistano demonstra apoio majoritário (64%) à priorização de investimentos públicos em ônibus e metrô.
Assim como no ano passado, a maioria também se diz favorável à implantação de ciclovias (de 84% para 87%).
O prefeito Fernando Haddad (PT) comemorou o resultado –as ciclovias se tornaram a principal bandeira da gestão neste ano.
"Para minha surpresa foi muito mais rápido do que eu imaginava. Eu imaginava que o apoio viria em 4, 5, 6 anos. Eu acho que é pelo atraso da agenda em relação a outras cidades do mundo que nós recebemos um apoio mais rápido para as ciclovias", afirmou.
O plano da gestão é implantar 400 km de ciclovias até o fim de 2015 –já foram feitos 71 km.
Apenas 6% dos entrevistados usam a bicicleta com frequência, o que representa cerca de 522 mil habitantes, segundo o Ibope.
Dos 71% que dizem nunca usar bicicleta, foram mencionadas "construção de ciclovias" e "mais segurança para os ciclistas" como os principais fatores que os levariam a aderir à bike como meio de transporte.
Mas 24% dos que não usam bicicleta responderam, porém, que "não usaria nunca/nada me faria usar bicicleta".
A aprovação das faixas de ônibus, que atualmente somam 440 km de extensão, se manteve em 90%, oscilação dentro da margem de erro –no ano passado, o índice foi de 93%.
Ainda de acordo com o levantamento, o índice de aprovação a um eventual rodízio de dois dias também aumentou. Eram 36% dos entrevistados no ano passado, e agora são 43%, segundo a pesquisa feita pelo Ibope.