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    Camelôs não trabalham após morte de colega; ato em repúdio é convocado

    DE SÃO PAULO

    19/09/2014 18h31

    As ruas do centro comercial da Lapa, na zona oeste de São Paulo, não tinham nem sinal de camelôs durante todo esta sexta-feira (19).

    Segundo comerciantes e ambulantes ouvidos pela Folha, era uma homenagem ao colega deles, Carlos Augusto Muniz Braga, 30, morto por um policial militar na tarde de quinta (18).

    O crime aconteceu na rua 12 de outubro, em frente a lojas de sapato. Nesta rua e nas imediações atuam os ambulantes, muitos deles sem permissão para trabalhar. Caso dos vendedores de DVD, como Braga.

    No asfalto, os amigos picharam em letras enormes: "PM mata camelô na operação delegada. Justiça!".

    Um protesto contra a morte do ambulante foi convocado no Facebook para este sábado (20), às 12h, na praça Professor José Azevedo Antunes, próximo ao local da morte.

    Até a publicação desta reportagem, 350 pessoas tinham confirmado presença na rede social.

    Mauricio Rummens/Fotoarena/Folhapress
    Confronto entre ambulantes e policia na rua 12 de outubro, na Lapa, zona oeste de São Paulo
    Confronto entre ambulantes e policia na rua 12 de outubro, na Lapa, zona oeste de São Paulo

    Hoje, os televisores dos estabelecimentos comerciais ficaram todo o tempo ligados em canais de TV que repetiam à exaustão as imagens do momento do tiro, registradas com câmeras de celulares.

    O clima era de tristeza entre os conhecidos da vítima que trabalham em comércio, mas também de tensão, já que carros e motos da Polícia Militar circulavam o tempo todo na região.

    O policial militar que fez o disparo contra Braga foi preso ainda na quinta. Ele não teve o nome divulgado e foi transferido nesta manhã para o presídio militar Romão Gomes, na zona norte da cidade. Em depoimento à polícia, o PM disse que o tiro foi acidental.

    O prefeito Fernando Haddad (PT) disse que a morte do camelô é "um caso isolado" dentro da Operação Delegada –no qual PMs em folga recebem da prefeitura para atuar pelo município– e que não pretende mudar o esquema de combate ao comércio irregular nas ruas.

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