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    Ladrões usam escada clandestina de 7 m para jogar calcinha em cadeia do PR

    WILHAN SANTIN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRINA (PR)

    21/09/2014 19h44

    Bandidos e parentes de presos da unidade 2 da PEL (Penitenciária Estadual de Londrina) têm usado escadas de até sete metros de altura para arremessar para dentro da cadeia drogas, aparelhos celulares e alguns produtos curiosos, como calcinha, cachaça e até pimenta.

    Todos esses objetos foram apreendidos pela segurança interna do presídio, que também tenta conter o uso das escadas, que são colocadas em pontos cegos da PEL. Com elas, os ladrões e alguns parentes dos presos jogam por sobre as muralhas os objetos.

    Cansados de flagrarem esses arremessos, os agentes organizaram neste sábado (20) uma espécie de exposição de escadas apreendidas nos últimos dias.

    Só no último mês, foram sete escadas de metal capturadas pelos agentes e pela polícia. Na última delas, na madrugada de sábado (20), os agentes apreenderam uma escada junto com uma mochila cheia de droga –1,4 kg de maconha– e nove celulares. O homem que estava subindo na escada fugiu.

    Wilhan Santin/Folhapress
    Escadas apreendidas na penitenciária de Londrina; ladrões jogam calcinha e até cachaça para presos
    Escadas apreendidas na penitenciária de Londrina; ladrões jogam calcinha e até cachaça para presos

    Segundo os agentes, as escadas –algumas feitas de madeira e outras de metal– são fabricadas sob encomenda, no tamanho ideal para transpor as muralhas do presídio, inaugurado em 2007.

    "São tão padronizadas que fundimos, em uma só, duas das que apreendemos, para uso interno na unidade, e o encaixe foi perfeito", comentou um agente penitenciário que não quis se identificar.

    Na "exposição" presenciada pela reportagem da Folha no sábado, havia sete escadas, algumas também de madeira.

    Segundo o supervisor de portaria da PEL 2, José Carlos Santiago, a grande maioria de produtos apreendidos são objetos que colocam a segurança em risco –incluindo armas brancas. Só neste ano, diz ele, os agentes flagraram dentro da penitenciária mais de 800 celulares.

    Nem todos os objetos apreendidos na PEL foram arremessados das muralhas, pois nessa lista de produtos achados dentro da cadeia tem até balanças de precisão.

    Na última vez que tentaram usar as escadas para jogar objeto sobre a muralha, policiais militares prenderam um homem que tentava arremessar um revólver calibre 32 para dentro da penitenciária na semana passada.

    PMs ouvidos pela Folha, que pediram para não ser identificados, se queixaram da falta de visibilidade proporcionada pelas guaritas construídas, segundo eles, de forma inapropriada.

    Com os casos recentes, os PMs e os agentes afirmam que a segurança no local foi redobrada em todos os procedimentos. "Onde antes era um guarda, agora são dois", comentou Santiago.

    ONDA DE REBELIÕES

    Os presídios do Paraná têm registrado várias rebeliões em diferentes unidades. Numa delas, em Cascavel, quatro presos morreram, sendo dois decapitados.

    O problema dos presídios é um decorrência de uma política do governo do Paraná que, para acabar com a presença de presos em delegacias, encheu as penitenciárias do Estado, incluindo as de Londrina.

    Essas unidades não chegam a ficar superlotadas, como ocorre em São Paulo. A PEL 2, por exemplo, tem 1.127 vagas e atualmente conta com 1.135 presos, de acordo com o juiz corregedor da Vara de Execuções Penais em Londrina, Katsujo Nakadomari.

    Sobre o problema das escadas na unidade, ele disse que esteve em reunião com representantes da Secretaria de Justiça do Paraná na última semana. Segundo Nakadomari, em 30 dias deve ser instalada uma tela de aço para fazer a cobertura do local onde costumam cair os objetos arremessados para dentro da penitenciária.

    Outra medida a curto prazo deve ser a instalação de uma passarela metálica ligando as guaritas de segurança às muralhas, dando mais visibilidade aos policiais.

    Ainda de acordo com o juiz, a situação na cadeia londrinense "está sob controle", principalmente depois da recente transferência de um líder da unidade para uma penitenciária federal.

    De acordo com o porta-voz da Polícia Militar em Londrina, capitão Nelson Villa, não há falhas na segurança feita na penitenciária. "A maior demonstração de que o nosso serviço funciona é o alto número de apreensões que fazemos", destacou.

    A reportagem da Folha não localizou diretores da unidade para falar sobre as escadas na PEL 2.

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