Uma das possibilidades que a Prefeitura de São Paulo avalia para o futuro do Minhocão é transformá-lo em um corredor expresso e exclusivo de ônibus.

A Folha apurou que a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) cogita transferir parte das linhas de ônibus que passam embaixo do elevado para cima, embora a decisão sobre o destino da via esteja longe de ser tomada.

Hoje, cerca de 80 mil carros passam diariamente pelo Minhocão.

Segundo Nabil Bonduki (PT), relator do Plano Diretor e um dos responsáveis por projetos urbanísticos da prefeitura, a alternativa poderia ser uma medida transitória antes da completa desativação.

"O plano fala em desativação total para o transporte individual. Você poderia subir os ônibus e deixar a parte de baixo para os automóveis ", diz.

	Eduardo Anizelli/Folhapress
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Bonduki é um dos autores de um projeto de lei que cria o Parque Municipal do Minhocão. A legislação, que está na comissão de Justiça da Câmara, prevê o fechamento do elevado gradativamente –todo o processo levaria quatro anos. Depois, ele viraria um parque público.

Athos Comolatti, da Associação Parque Minhocão, é contra transformar a estrutura em corredor de ônibus. "Seria um desrespeito ao próprio Plano Diretor. Nele, a própria prefeitura adotou o fechamento a longo prazo", diz.

A psicóloga Yara Goes, 64, da Ação Local Amaral Gurgel –a favor da demolição–, também discorda. "É impensável. [Com os ônibus] a poluição, inclusive sonora, aumentaria."

A decisão deve ficar para um eventual próximo mandato de Haddad, caso ele seja reeleito, segundo a Folha apurou.

Para o consultor em transporte Flamínio Fichmann, é preciso estudar se há demanda suficiente para substituir carros por ônibus. Ele afirma que não é possível ignorar que hoje o Minhocão tem um papel importante para escoamento de veículos.

Mais a longo prazo, a opção apoiada por ele seria pelo desmonte do elevado, com a reestruturação do trânsito do centro.

	Editoria de Arte/Folhapress

PARQUE

O Minhocão foi erguido quando o atual deputado federal Paulo Maluf (PP) era prefeito. Foi inaugurado em janeiro de 1971.

O projeto sempre foi criticado por urbanistas porque a área por onde ele passa ficou desvalorizada.

O parque no local, defendido por alguns urbanistas, é inspirado no High Line de Nova York –área verde suspensa.