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    Prefeitura vê apoio de 80% dos paulistanos a ciclovias com 'alívio'

    VANESSA CORREA
    DE SÃO PAULO

    23/09/2014 02h00

    Pressionados por uma "minoria que ainda faz muito barulho", o prefeito Fernando Haddad (PT) e o secretário de Transportes, Jilmar Tatto, comemoraram nesta segunda (22) a pesquisa Datafolha, divulgada no domingo, que mostrou apoio de 80% dos paulistanos às ciclovias.

    Para marcar o Dia Mundial Sem Carro, Haddad pedalou de sua casa, no Paraíso (zona sul), até a prefeitura (centro).

    Tatto, que chegou atrasado, fez o trajeto com dois assessores e só conseguiu encontrar o prefeito já em frente à prefeitura. No percurso, conversou com a reportagem. "Viu a pesquisa neste fim de semana? Foi um alívio para a gente", disse, fazendo o gesto de quem tira um peso dos ombros.

    Haddad havia afirmado no sábado (20) que há uma "minoria que ainda se pronuncia contra [as ciclovias] sem entender o caminho que as grandes cidades têm de percorrer para tornar a vida mais humana e agradável".

    Ronny Santos/Folhapress
    Trecho de ciclovia na avenida Guarapiranga, na zona sul de São Paulo
    Trecho de ciclovia na avenida Guarapiranga, na zona sul de São Paulo

    Após a pedalada, na chegada à prefeitura, Haddad reforçou o discurso do alívio.

    "Já estamos saindo com uma aprovação muito alta [às ciclovias]. Imaginei que íamos sofrer muito nos primeiros dois anos, pelo ineditismo. Para mim foi uma surpresa."

    Segundo ele, consultores indicavam que demoraria de três a quatro anos para a população aceitar a medida, como ocorreu em outros países.

    Em junho, Haddad anunciou a criação de 400 km de ciclovias até o fim de 2015, dos quais 78,3 km já foram entregues. O plano, que custará cerca de R$ 80 milhões (R$ 200 mil/km), tem sido criticado pela pressa e falta de debate.

    Mas o prefeito, que tinha reprovação de 47% em julho, logo após a onda de protestos contra a Copa, viu esse índice recuar depois das ciclovias. Agora, está em 28%.

    "GAFE CICLÍSTICA"

    No trajeto de casa a seu gabinete, Haddad cometeu duas "gafes ciclísticas": atravessou sobre a faixa de pedestres na rua Vergueiro, perto de sua casa, e fez a mesma manobra na rua Líbero Badaró, já ao lado da prefeitura.

    Pelo Código Brasileiro de Trânsito, ele deveria descer da bicicleta e se comportar como pedestre para atravessar na faixa. "Eu não reparei, estava seguindo o comboio ali."

    CICLOVIAS NAS PONTES

    O secretário Tatto afirmou que a prefeitura lançará nos próximos dias um programa para as pontes nas marginais Pinheiros e Tietê, ligando os bairros às ciclovias do centro. O projeto-piloto será na ponte da Casa Verde (zona norte).

    "Vamos apresentar um plano de cruzamento das pontes. Não é só a ciclopassarela. O estudo já está pronto e o que está faltando agora é o projeto de onde precisa construir as ciclopassarelas", disse.

    Há dez dias, a Folha mostrou que a prefeitura pretende construir seis ciclopassarelas sobre os dois rios. Hoje, pelas pontes para veículos, a travessia pode ser perigosa até para ciclistas experientes.

    IMPOSTOS

    Haddad rebateu as críticas a seu veto ao projeto da Câmara que previa a devolução, por meio de desconto no bilhete único, de impostos na compra da bicicleta. "A prefeitura não pode devolver um tributo que ela não cobra."

    Os impostos que incidem sobre o preço são federais (IPI, Cofins) e estaduais (ICMS).

    Haddad afirmou que se juntará à uma frente de prefeitos para pedir a isenção de tributos para a bicicleta.

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