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    Projeto de moradia provisória pode ser usado em SP, diz arquiteto japonês

    VANESSA CORREA
    DE SÃO PAULO

    24/09/2014 02h00

    Projetos de moradia provisória para populações em crise humanitária renderam a Shigeru Ban o Pritzker (o Nobel da arquitetura) em 2013.

    Poderia a crise habitacional de São Paulo, cujo deficit de moradias é de 230 mil unidades, se beneficiar desse tipo de solução?

    Para Shigeru, a resposta é sim. Segundo ele, casas temporárias para vítimas de conflitos, tufões e terremotos, testadas em lugares como China e Ruanda, poderiam ser adaptadas às necessidades locais.

    O arquiteto japonês falou nesta terça (23) para uma plateia cheia no Auditório do Ibirapuera, no Arq.Futuro, evento anual que promove o debate arquitetônico entre palestrantes de todo o mundo.

    Divulgação
    Protótipo de uma moradia temporária desenvolvida pelo arquiteto japonês Shigeru Ban
    Protótipo de uma moradia temporária desenvolvida pelo arquiteto japonês Shigeru Ban

    Neste ano, o tema é a água (ou a escassez dela). Mas, provocado a falar do assunto, Shigeru disse que essa não é uma questão da arquitetura. O foco de sua palestra foi a habitação temporária.

    Após experimentar à exaustão o uso de tubos de papelão (como os de bobinas de tecidos) nesse tipo de moradia, Shigeru percebeu que a arquitetura provisória pode se tornar permanente.

    "Mesmo um prédio de concreto pode ser temporário se as pessoas não gostarem dele. Arquitetura permanente é a que as pessoas gostam".

    Diversos projetos de Shigeru, pensados para durar pouco, estão em pé até hoje, como as escolas de papelão de Shengdu, na China, erguidas em 2008 após um terremoto.

    O arquiteto descartou o uso do papel contra o deficit habitacional paulistano, mas sugeriu seu projeto "Nova Habitação Temporária".

    Divulgação
    Interior da residência projetada por Ban, vencedor do principal prêmio da arquitetura
    Interior da residência projetada por Ban, vencedor do principal prêmio da arquitetura

    INDUSTRIALIZADAS

    São casas modulares que já começaram a ser produzidas em uma fábrica nas Filipinas e terão filiais "em diversos países". Não há projeto para virem ao Brasil.

    Feitas de uma espécie de sanduíche de painéis de fibra plástica "recheados" com material isolante, essas casas podem ser construídas em "qualquer tamanho". E, segundo o japonês, têm custo "muito baixo" de produção.

    Projetos de habitação industrializada foram tentados no Brasil a partir dos anos 1950, mas não deram certo, diz o vereador e especialista em habitação social Nabil Bonduki (PT). "As iniciativas sofreram muita pressão das empreiteiras".

    Para a professora da FAU-USP Ermínia Maricato, a industrialização ajudaria a resolver o problema habitacional, mas a questão fundamental é o preço da terra. E, "enquanto o lucro das construtoras vier da valorização de terrenos, e não da produção, elas não vão investir na racionalização da construção".

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