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    Crise da água

    Dirigente de agência federal critica transparência de SP em crise da água

    HELOISA BRENHA
    DE SÃO PAULO

    24/09/2014 02h00

    O secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, e o diretor-presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, travaram um embate em uma mesa-redonda sobre escassez hídrica nesta terça (23), no auditório Ibirapuera.

    A atividade fazia parte do Arq.Futuro, evento anual de arquitetura que vai até esta quarta (24), em São Paulo.

    O diretor-presidente da ANA arrancou aplausos da plateia ao criticar a falta de clareza da Sabesp em comunicar à população o que pretende fazer para abastecer a Grande São Paulo caso se esgotem as reservas do sistema Cantareira –cujo nível nesta terça-feira (23) era de apenas 7,8%.

    "O impacto sobre a vida das pessoas e o de São Paulo sobre o resto do país são muito grandes para serem tratados sem que essas informações sejam as mais honestas possíveis", disse Andreu.

    O secretário da gestão Geraldo Alckmin (PSDB), que diz que o abastecimento está garantido até março, tomou a palavra para rebater as críticas.

    "O que que é comunicar? É falar: Olha, não tem água'? Todo mundo sabe disso. Não estamos escondendo nada de ninguém", afirmou Arce.

    "Por incrível que pareça, no racionamento de energia elétrica, ninguém cortou a energia de ninguém. Foi um trabalho de controlar a demanda. Não preciso decretar: Olha, tem um racionamento.' Está na cara que existe um problema", completou.

    A Sabesp vem controlando a demanda de água por meio de três ações principais: o remanejamento de água entre sistemas, a diminuição no consumo estimulada pelo bônus na conta e a controversa redução na pressão da água distribuída durante a noite.

    A medida costuma ser adotada regularmente, como forma de evitar ou diminuir vazamentos na rede. Mas, pelo menos desde abril, a Sabesp vem intensificando essa redução, o que resultou em uma "economia fabulosa" de água, nas palavras do diretor da estatal Paulo Massato.

    Na prática, a ação restringe o volume de água que chega aos imóveis e vem coincidindo com uma onda de reclamações de falta de água.

    Relatório da Sabesp enviado à Promotoria afirma que a redução da pressão à noite tem relação direta com os casos de desabastecimento.

    Questionado sobre o documento, o secretário disse que "a Sabesp já divulgou um desmentido" e que "por incrível que pareça, o número de reclamações [de falta de água] é menor do que ano passado".

    Em pesquisa Datafolha feita em 12 e 13 de agosto, 46% dos paulistanos relataram ao menos um corte de água em casa nos 30 dias anteriores. Em maio, eram 35%.

    Arce também afirmou que a autorização para a Sabesp retirar uma segunda cota do "volume morto" (reserva de água abaixo das comportas das represas) do sistema Cantareira será conversada com a ANA –71% da primeira cota já foi consumido.

    Segundo Andreu, a agência aguarda um plano da Sabesp para analisar a autorização.

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