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    Rio de Janeiro

    Cúpula da PM do Rio diz que foi 'traída' por policiais envolvidos com milícia

    MARCO ANTÔNIO MARTINS
    DO RIO

    26/09/2014 13h23

    A cúpula da Polícia Militar do Rio falou, pela primeira vez, desde a prisão do coronel Alexandre Fontenelle, há 12 dias, comandante das Unidades Operacionais da PM, e apontado como integrante de um esquema de propinas que extorquiriam comerciantes, motoristas de transporte alternativo e até camelôs e restaurantes. O comandante da corporação, o coronel José Luís Castro de Menezes admitiu erros e que se sentiu traído pelos 24 PMs presos, entre eles, o coronel Fontenelle.

    "É uma traição ao comando da corporação e também à sociedade. Nós sempre procuramos tomar um cuidado extremo na escolha de todos os comandantes. Esses nomes sempre passaram pelo crivo de inteligência e, diante do nada a opor, esses oficiais eram nomeados", disse o comandante-geral da PM do Rio, José Luís Castro de Menezes.

    Um depoimento prestado por dois policiais militares nos dias 15 e 16 de setembro aprofundou a crise na corporação ao levantar suspeitas contra o comandante-geral da corporação, coronel Luís Castro; e os chefes do Estado Maior, os coronéis Paulo Henrique Moraes e Ricardo Pacheco. De acordo com os relatos, os batalhões da PM do Rio deveriam dar contribuições que totalizariam R$ 15 mil para a cúpula da corporação no Estado.

    O Ministério Público estadual determinou a abertura de uma investigação sobre a denúncia, mas orientou que as investigações não fossem feitas pela Corregedoria Interna da PM.

    "Somos aqui favoráveis à instalação de qualquer procedimento. Não tenho nada a esconder", afirmou o coronel Ricardo Pacheco, chefe do Estado Maior Administrativo da PM do Rio.

    Os outros coronéis fizeram coro às declarações do coronel Pacheco: "Ao comandante-geral não foi dado conhecimento desses dados sobre os policiais. Para nós é fundamental a questão da lisura com a causa pública", disse o coronel Paulo Henrique Moraes, do Estado-Maior Operacional da corporação.

    O coronel Castro ainda admitiu, pela primeira vez, que ele e toda uma cadeia de comando como o setor de inteligência da PM, a corregedoria e o setor de pessoal da corporação por não alertaram sobre a nomeação do capitão Walter Colchone Netto.

    O capitão Colchone Neto foi nomeado para o setor de inteligência do COE (Comando de Operações Especiais), coordenado pelo coronel Fontenelle, após deixar a prisão sob a acusação de ser ligado à máfia dos caça-níqueis.

    "Quando o capitão saiu da cadeia, nós devíamos ter percebido que ele não deveria retornar ao COE, onde estava lotado, mas nós erramos", disse o coronel Castro Menezes.

    O coronel Fontenelle só irá depor em juízo. A Folha não encontrou os advogados do capitão Colchone Neto.

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