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    Programa anticrack nos bairros troca hotel por albergue

    DE SÃO PAULO

    28/09/2014 02h30

    A Prefeitura de São Paulo estuda levar o Braços Abertos, programa voltado a usuários de crack, para cinco regiões da cidade.

    Estão na lista Vila Leopoldina, Santo Amaro, Vila Mariana, Cidade Tiradentes e Santana. Nem todas, porém, terão no projeto características semelhantes às adotadas na região da cracolândia, na Luz.

    Lá, a proposta prevê pagamento de R$ 15 a cerca de 420 usuários de crack por dia trabalhado. Destes, a maioria trabalha como gari nas ruas.

    Enquanto isso, recebem hospedagem em quartos de hotel, alimentação e tratamento médico e psicológico

    Na Vila Leopoldina, a Folha apurou que equipes da prefeitura planejam implantar um Caps AD3 (Centro de atenção psicossocial álcool e drogas), com leitos de internação e funcionamento 24h, além de uma unidade de acolhimento, semelhante a um albergue.

    Um comitê foi formado para fazer o projeto da nova versão do programa, a ser apresentada nesta semana ao prefeito Fernando Haddad (PT).

    A mudança no formato ocorre para atender demandas específicas de cada região.

    Em Santo Amaro, a ideia é usar a estrutura de um Caps já existente. A possível necessidade de hospedagem e a oferta de trabalho ainda não estão definidos.

    NOVA GESTÃO

    O programa Braços Abertos foi lançado em janeiro. Neste mês, após o rompimento do contrato com a União Social Brasil Gigante, a prefeitura contratou a Adesaf (Associação de Desenvolvimento Social e Econômico).

    Alguns problemas atrelados à antiga gestão, porém, ainda precisam ser corrigidos: é o caso da precariedade de parte dos hotéis, segundo o Ministério Público, que investiga o caso.

    O promotor Mário Malaquias diz ter encontrado fiação exposta e falta de equipamentos básicos, como chuveiros -proprietários dizem que os usuários retiram para vender, devido à dependência da droga.

    Especialistas também apontam falhas na capacitação de profissionais e de políticas que reforcem a adesão dos usuários ao tratamento. "A ideia é fantástica, mas a gente sente falta da capacitação de equipes de saúde", diz o psiquiatra Dartiu Xavier, convidado para atuar na reformulação do programa.

    Para Solange Nappo, da Cebrid, a possibilidade de expansão de novas iniciativas é positiva diante do avanço de pequenas cracolândias nos bairros.

    "Antes, era só na Luz. Agora a área é maior, é São Paulo inteiro. Ninguém estava preparado para esta situação. Precisamos de novas estratégias", diz.

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