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    Governo de SP anuncia 'comissão' para acompanhar gestão da Santa Casa

    NATÁLIA CANCIAN
    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    29/09/2014 19h16

    O secretário de Saúde do Estado de SP, David Uip, afirmou nesta segunda-feira (29) que a Santa Casa de São Paulo tem "problemas evidentes" de gestão e que irá nomear uma comissão para atuar em um plano de recuperação do complexo.

    Dados do relatório final da auditoria das contas da Santa Casa, divulgados pela Folha nesta segunda-feira, apontam que, em cinco anos, a gestão do provedor Kalil Rocha Abdalla praticamente esgotou os recursos da instituição.

    Entre 2009 e 2013, o patrimônio líquido da maior entidade filantrópica da América Latina caiu de R$ 220 milhões para R$ 323 mil (0,15% do valor inicial).

    O patrimônio líquido é a soma de bens e valores de posse da instituição, descontadas as dívidas. Não inclui os imóveis do complexo hospitalar. Em parte, essa situação se explica pela explosão da dívida. Se, em 2009, ela era de R$ 146,1 milhões, no fim de 2013 chegava a R$ 433,5 milhões.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Para Uip, os números da Santa Casa são "alarmantes". "A perda de patrimônio é evidente. Os problemas de gestão são evidentes. Estamos muito preocupados", disse.

    "A Santa Casa depende 100% de dinheiro de empréstimo. Então caminha para insolvência a curto prazo. Ela tem em caixa R$ 320 mil. Para quem tinha milhões, a conta é simples", completa.

    Após a auditoria, o secretário afirma que irá formar uma comissão para acompanhar a gestão da Santa Casa no dia a dia. Uip nega que a medida seja uma intervenção.

    "Intervenção é formal, algo que o Estado não quer e não vai fazer. Esse é um acompanhamento. Não vamos assumir a Santa Casa, mas vamos ajudar", disse.

    Uma reunião com gestores da Santa Casa está marcada para esta terça-feira (30) para definir os detalhes.

    Em julho, Abdalla chegou a fechar o pronto-socorro da unidade porque fornecedores teriam, segundo ele, se recusado a entregar materiais devido a pagamentos não quitados.
    As atividades foram retomadas após o Estado repassar uma verba emergencial no valor de R$ 3 milhões para reabertura do PS.

    A liberação de novos repasses foi condicionada à realização de uma auditoria formada por representantes da Santa Casa e das três esferas de governo, além do Conselho Estadual de Saúde.

    Uma segunda auditoria foi contratada em agosto pela secretaria estadual de Saúde e deve ser concluída até novembro.

    REPASSES

    A secretaria também apresentou dados sobre os repasses federais feitos à Santa Casa nos últimos cinco anos. Em julho, o ministro da saúde, Arthur Chioro, acusou o Estado de deixar de repassar R$ 74 milhões em verbas federais à instituição.

    Em coletiva, Uip afirmou que o resultado final da auditoria comprovou que todos os valores foram repassados e que as declarações do ministro foram de "absoluta irresponsabilidade".

    "Os dados estão claros, inclusive auditados por todos os poderes. Continuo esperando retratação do Ministério da Saúde porque o Estado se sente ofendido", disse.

    O Ministério da Saúde, em nota, contesta os dados e reafirma que o valor não foi integralmente repassado.

    "A secretaria, novamente, ou demonstra desconhecimento e falta de preparo técnico ou busca iludir a opinião pública. Trata-se de uma desnecessária e inoportuna politização do debate", afirmou.

    Daniel Guimarães - 03. abr.14/Folhapress
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