• Cotidiano

    Thursday, 02-May-2024 12:47:11 -03

    Onda de ataques criminosos atinge 10 cidades e deixa um morto em SC

    JEFERSON BERTOLINI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

    30/09/2014 12h21

    Guto Kuerte/Agência RBS/Folhapress
    Novos ataques foram registrados em Santa Catarina nesta terça-feira
    Novos ataques foram registrados em Santa Catarina nesta terça-feira

    A onda de ações criminosas contra o transporte coletivo, prédios e veículos da polícia e de órgãos públicos de segurança iniciada na sexta (26) se agravou entre a noite de segunda-feira (29) e hoje (30).

    Os ataques se espalharam por todo o Estado de Santa Catarina, já atingem dez cidades e há registro de ao menos uma morte, segundo balanço divulgado pela Polícia Militar na noite desta terça.

    Ao todo, foram registrados 24 ataques, sendo dez contra o transporte coletivo (com 14 ônibus incendiados), 13 contra forças de segurança (sendo cinco contra prédios e oito contra casas ou carros de policiais) e um contra um posto de gasolina. Dois suspeitos foram presos após uma perseguição na tarde de ontem e outros, em número não informado, foram detidos em Guaramirim com um galão de álcool.

    As ações criminosas foram registradas em Florianópolis, São José, Palhoça, Tijucas, Gaspar, Navegantes, Itapema, Criciúma, Chapecó e Joinville. A Grande Florianópolis foi a região mais atingida até o momento.

    Jeferson Bertolini/Folhapress
    Terminal de ônibus do centro de Florianópolis, por onde passam 200 mil pessoas por dia
    Terminal de ônibus do centro de Florianópolis, por onde passam 200 mil pessoas por dia

    Hoje, um ônibus foi incendiado no início da manhã no bairro Tapera, no sul de Florianópolis. O ataque ocorreu às 7h, uma hora depois de o transporte coletivo voltar a operar –as linhas estão suspensas entre 0h e 6h desde o fim de semana.

    Segundo a Polícia Militar, dois criminosos entraram no coletivo no início do trajeto, quando apenas o cobrador estava no veículo. Ele conseguiu escapar por uma janela.

    No bairro Campeche, na mesma área da cidade, uma base da Polícia Militar foi atingida por 14 disparos pouco antes, às 6h da manhã, segundo a corporação. Só havia um policial no local, que não se feriu.

    Por volta de 18h30, cinco homens atearam fogo em um ônibus em Joinville, maior cidade do Estado, após mandar os passageiros descerem. Ninguém ficou ferido.

    MORTE

    Em Criciúma, no sul do Estado, um agente prisional aposentado foi assassinado na frente de sua casa, no bairro Pinheirinho, às 22h40 de ontem (29).

    Luis Carlos Dalagnol trabalhou 37 anos no presídio da cidade e estava aposentado desde 2012, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania de Santa Catarina.

    A Polícia Militar incluiu o caso na lista de atentados, apesar de declarar que ainda não sabe a autoria nem a motivação do crime. O delegado Vitor Bianco, da DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Criciúma, disse que não descarta a hipótese de a morte ter relação com os atentados.

    O coronel Valdemir Cabral, comandante da Polícia Militar em Santa Catarina, decretou "estado de alerta" para colocar todo o efetivo de prontidão.

    Por meio de nota, Cabral informou que a PM está "com uma operação especial", a respeito da qual não deu detalhes "para não prejudicar o serviço".

    A Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais) disse ter identificado "entre cinco e dez suspeitos" de determinar os ataques e que a prisão deles é "questão de tempo".

    O secretário estadual de Segurança Pública, Cesar Grubba, disse ontem, em entrevista à imprensa, que o motivo e os autores dos ataques ainda são desconhecidos. Entretanto, admitiu que grupos criminosos possam estar articulando os atentados.

    FACÇÕES NAS CADEIAS

    O PGC (Primeiro Grupo Catarinense) é a maior facção criminosa do sistema prisional catarinense, segundo o Deap (Departamento de Administração Prisional).

    O grupo foi apontado como responsável pelas ondas de violência de 2012 e 2013 no Estado, quando a Polícia Militar registrou 182 ataques em 54 cidades, a maioria contra ônibus e instalações da segurança pública.

    Em maio desde ano, a Justiça condenou 80 pessoas, a maioria delas ligadas ao PGC, pelos atentados. As maiores penas, de 19 anos de prisão, foram aplicadas aos líderes do grupo, que cumprem pena em penitenciárias fora do Estado.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024