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    Crise da água

    Protestos por falta de água em Itu terminam em ônibus incendiado

    LUCAS SAMPAIO
    DE CAMPINAS

    13/10/2014 11h38

    Dois protestos de moradores de Itu (a 101 km de SP) por causa da falta de água na cidade acabaram com um ônibus queimado e confronto com a PM neste domingo (12) na região do Pirapitingui. Ninguém foi detido.

    Cerca de 300 manifestantes protestaram no bairro Cidade Nova e outros 500 no Jardim do Éden, entre o fim da tarde e o começo da noite, e bloquearam a rodovia Waldomiro Correia de Camargo (SP-079), que liga Itu a Sorocaba.

    O protesto foi pacífico no Cidade Nova, mas no Jardim do Éden um ônibus foi queimado e a Força Tática da PM foi acionada, dispersando os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral e balas de borracha.

    Uma nova manifestação está marcada para a tarde desta segunda (13), pelo mesmo motivo, na Câmara Municipal –que no mês passado foi alvo de ovos, tomates e pedras em um ato que reuniu cerca de 2.000 pessoas.

    "Era Dia das Crianças e as pessoas se revoltaram porque não tinha água", diz Bruno Henrique da Silva, 23, estudante técnico em informática que mora no Cidade Nova e acompanhou os dois protestos.

    "É um dia para você fazer um almoço legal em casa. Aí, como não tinha água, as mulheres começaram a bater panelas e o protesto foi crescendo", afirma o jovem. "Depois do protesto enviaram uns 20 caminhões-pipa para abastecer o bairro."

    ELEIÇÃO

    Bruno diz que a prefeitura chegou a melhorar a distribuição de água na cidade na véspera das eleições, mas a situação voltou a piorar depois. "Antes [do primeiro turno], tinha água a cada dois dias. Depois disso não veio mais." Outros moradores ouvidos pela Folha relatam o mesmo problema.

    Herculano Passos (PSD), prefeito de Itu entre 2005 e 2012, é acusado por parte da população de ser o responsável pela crise de água na cidade. O atual prefeito, Antônio Tuíze (PSD), e o presidente da Câmara, Doutor Bastos (PSD), são aliados do ex-prefeito –que em 5 de outubro foi eleito deputado federal.

    "Hoje tem sessão aberta. Vamos tentar fazer algo pacífico", diz Bruno. "Se quebrar tudo, como da outra vez, quem paga é a gente. Mas acho que vai ter bastante gente, por que a situação está feia aqui."

    Procuradas, a Prefeitura de Itu e a concessionária de água da cidade não responderam aos questionamentos da reportagem até o momento.

    OUTRO LADO

    Procurada, a Águas de Itu, concessionária responsável pelo abastecimento na cidade, afirmou em nota que "o racionamento está funcionando em toda a cidade, assim como o atendimento por caminhões-pipa também".

    Os bairros onde houve protestos, diz a concessionária, "são abastecidos em dias alternados, das 18h às 6h". Sobre o envio de caminhões-pipa, afirmou que o atendimento "já estava programado". "No total, foram 30 caminhões, sendo dez ontem e 20 hoje."

    Questionada sobre os protestos, a Prefeitura de Itu se limitou a encaminhar à Folha as mesmas respostas enviadas pela concessionária.

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