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    Crise da água

    Vazão do Cantareira para o interior é elevada após faltar água em Campinas

    LUCAS SAMPAIO
    DE CAMPINAS

    14/10/2014 21h16

    Após cinco dias de falta de água em Campinas (a 93 km de São Paulo), que chegou a afetar 50% da terceira maior cidade do Estado, o envio de água do sistema Cantareira para o interior de São Paulo foi elevado nesta terça-feira (14).

    No entanto, o aumento de 4 m3/s para 4,5 m3/s na vazão para a bacia dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) não deve resolver o desabastecimento na cidade –que ainda afeta cerca de 20% da população e tem causado protestos dos moradores.

    Esse 0,5 m3/s de água adicional será enviado para o rio Atibaia (que abastece 93% de Campinas) e deve melhorar a diluição de poluentes, mas a quantia deve demorar de sete a dez dias para chegar à cidade. Além disso, o problema mais crítico está nos bairros atendidos pelo rio Capivari (responsável pelos outros 7%).

    O cenário no ponto de captação da Sanasa (empresa mista de água e esgoto do município) no rio é desolador. Hoje, um filete de líquido acinzentado com forte odor corria pelo leito do rio. Como os reservatórios da empresa são suficientes para apenas seis horas de abastecimento, um problema na captação afeta a população em pouco tempo.

    "PROBLEMAS PONTUAIS"

    A Sanasa afirma que são "problemas pontuais de falta de água em algumas regiões da cidade", que tem 1,1 milhão de habitantes, devido "às altíssimas temperaturas, o que é atípico nesta época do ano", e a um maior consumo de água, que aumentou mais de 40% nos últimos dias.

    "Os dois fatores provocaram problemas pontuais de falta de água em algumas regiões da cidade."

    Para amenizar o problema, a Sanasa diz que desde sexta (10) está atendendo os bairros afetados com 20 caminhões-pipa e, ao mesmo tempo, continua substituindo as redes, trocando as atuais de cimento amianto por outras, de polietileno de alta densidade.

    "Com essa troca, a cidade diminuirá ainda mais as perdas de água, hoje em 19,2%. Nos locais onde as trocas já foram realizadas, o índice de perda caiu para 8%", diz a companhia. "A Sanasa reforça à população o pedido para economizar água. Nosso compromisso é com a qualidade da água distribuída. Estamos trabalhando para manter essa qualidade, mesmo nesse momento de grave estiagem."

    CANTAREIRA

    O sistema Cantareira é formado pelo represamento dos rios que formam o Piracicaba antes de eles chegarem na região de Campinas e envia água tanto para a Grande São Paulo quanto para o interior.

    Ele abastece diretamente 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo (antes da crise eram 8,8 milhões), para onde estão sendo enviados 19 m³/s de água, e indiretamente 5,5 milhões no interior, para onde estão sendo enviados 4,5 m³/s a partir de agora.

    CRISE DA ÁGUA

    O Estado de São Paulo vive, desde o início do ano, uma das maiores crises hídricas da história. A falta de chuva levou a redução do nível do sistema Cantareira, que usa desde maio o "volume morto" (reserva abaixo do ponto de captação que precisa ser retirado por bombas) e já pediu autorização para o uso de uma segunda cota.

    Na sexta (10), a Justiça Federal determinou que as agências ANA (Agência Nacional de Águas) e Daee revisem a vazão de retirada de água do sistema. A liminar (decisão provisória) pretende garantir que a primeira fase do volume morto dure até o último dia de novembro, conforme havia sido planejado, após ação civil pública dos ministérios públicos Federal e Estadual em Piracicaba e Campinas.

    A Sabesp então informou que fez uma proposta de redução da retirada de água do sistema Cantareira que começaria imediatamente e seguiria até abril de 2015, sem que o abastecimento da população fosse prejudicado. O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, porém, disse que o plano é "altamente arriscado" e "não tem nenhum amparo técnico na realidade, além do desejo".

    Nesta terça-feira, o nível do sistema Cantareira chegou a 4,5% de sua capacidade.

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