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    Roberto Barrilari (1929-2014) - Consertou sapatos, costurou bolas e chuteiras

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    16/10/2014 00h01

    Nos últimos quatro meses, a coisa que Roberto Barrilari mais queria saber era quando poderia voltar ao trabalho. Dezenas de pares de calçados lhe esperavam para ganhar uma sola ou um salto novos, um remendo na costura, uma polida de cera.

    A família preferiu não lhe contar que estava com câncer. De certa forma, porém, o patriarca parece ter pressentido que algo não estava bem antes mesmo do diagnóstico. Em maio, ao completar 85 anos, chamou todos os irmãos para comemorar "seu último aniversário".

    Há quase sete décadas, transformou-se no "Roberto Sapateiro" de Monte Alto (SP), e aquele espaço cheio de pertences alheios era a sua vida.

    Começou com uns 17 anos, ao aprender o ofício com João Rufino. Não bastassem os ensinamentos, foi na sapataria, que depois seria sua, onde conheceu a mulher, Maria Aparecida, cunhada do patrão.

    Nos tempos áureos do negócio, quando todo sapato era de couro e de qualidade, recebia clientes até de cidades vizinhas —e maiores.

    Também costurou chuteiras e bolas, usadas em outra de suas paixões, o futebol.

    Treinou vários times amadores da cidade e até criou um, o Palmeirinha, em homenagem ao seu clube do coração, o alviverde paulistano.

    Além dos títulos conquistados nos gramados, Roberto colecionou medalhas com a equipe de bocha de Monte Alto. Sob seu comando, ganharam ouro e prata nos Jogos Abertos do Interior.

    Morreu no domingo (12). Deixa a viúva, três filhos, seis netos e três bisnetos. A sapataria será vendida, se houver interessados, ou fechada.

    coluna.obituario@uol.com.br

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