A água da bica usada por moradores de Campinas (a 93 km de SP) nos últimos dias não é tratada nem apropriada para o consumo. A Prefeitura de Itupeva, onde fica a fonte, e o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) desaconselham o consumo da água.
Terceira maior cidade paulista, Campinas enfrenta uma grave crise de desabastecimento que há uma semana afeta mais de 20% da população.
A fonte, que fica no km 83 da rodovia Miguel Melhado de Campos (SP-324, mais conhecida como Vinhedo-Viracopos), em Itupeva (73 km de SP), é utilizada pelos campineiros que buscam água para atividades básicas do dia a dia, como cozinhar e tomar banho. Alguns bairros da cidade ficaram desabastecidos por vários dias, como o Jardim Santo Antônio.
O pedreiro Antônio Alves da Silva, 44, estava sem água desde sexta-feira (10) e decidiu comprar dez galões vencidos por R$ 50 para pôr um fim ao problema. "Se puder ou não puder beber essa água, vou fazer o quê? Desde sexta não pinga uma gota na torneira. Zero", dizia Antônio. "A caixa d'água aguentou um dia, mas desde sábado estou sem tomar banho."
Ele afirmou que a água ia "servir para tudo". "Não tem outra água. Quando acabar eu volto aqui de novo", disse, sob um forte sol do meio dia e um cenário de terra batida, mato queimado e dezenas de pessoas esperando horas para obter água que remetia ao semiárido brasileiro.
Com umidade do ar abaixo de 17% e temperatura de 37,8ºC, a mais alta do ano, Campinas decretou estado de emergência na terça. "Faz três dias seguidos que venho aqui", disse o também pedreiro José Pedro Barbosa, 57, ao lado da esposa. "Vim domingo, segunda e hoje [terça]. O Jardim Santo Antônio está uma calamidade sem água."
PLACA COM ALERTA
"O DER não aconselha o consumo da água vinda da bica natural, localizada às margens da rodovia SP-324, conforme recomendação da Cetesb em casos de minas de água naturais", informou o departamento estadual, em nota. "Nesta quinta (16), uma placa com a informação de que a água não é apropriada para o consumo será implantada no local."
Segundo a Prefeitura do Itupeva, a água não é tratada e não é possível atestar sobre a sua qualidade. "Não é indicado o consumo. Pedimos para uma equipe da vigilância sanitária do município analisar a água", informou a assessoria de imprensa da administração municipal, que não soube precisar quando terá um resultado do teste.
O DER também solicitou a análise do líquido, para constatar se a água é potável ou não. A resposta deve ser divulgado na próxima semana.