O crescimento do número de protestos e da violência empregada nos últimos dias fez com que a Prefeitura de Itu passasse a escoltar caminhões-pipa que abastecem a cidade de 165 mil habitantes a 101 km de São Paulo.
Desde terça (14), sete carros e 16 guardas municipais fazem a escolta oficial dos caminhões nos bairros da região do Pirapitingui, onde segundo a prefeitura "ocorreram protestos violentos e abordagens dos caminhões-pipa".
O pedido partiu da Águas de Itu, concessionária de água e esgoto da cidade. Procurada, a empresa informou que a escolta está sendo feita para garantir a integridade dos funcionários e das equipes terceirizadas e para manter a logística da distribuição.
Segundo a concessionária, são vários os casos que justificam o pedido: no sábado (11) um motorista foi agredido no Jardim Eridano, no domingo (12) manifestações resultaram na invasão de uma estação de tratamento da empresa e na segunda (13) houve interceptação de caminhões-pipa e ameaças a motoristas.
"Em outras situações, quando a água do caminhão termina, a população retém as mangueiras para que eles retornem ao local, o que atrapalha e atrasa a logística e dificulta a distribuição para outros locais", informou a Águas de Itu, em nota.
"É normal ver aqui na região da Cidade Nova a Guarda Municipal fazendo a escolta de caminhões-pipa", diz o estudante Bruno Henrique da Silva, 23, que mora no bairro. "No São Judas saquearam a água de um caminhão-pipa que não era da Águas de Itu."
"Houve interceptação de caminhões-pipa, dificultando o abastecimento programado e a logística de distribuição, vandalismo e ameaça ao pessoal dos veículos", disse a administração municipal, em nota.
A prefeitura, no entanto, não informou se saques já foram registrados.
PROTESTOS E MEDIDAS
Na domingo (12), dois protestos na região do Pirapitingui bloquearam a rodovia Waldmorio Correia de Camargo (SP-079), que liga Itu a Sorocaba. Num deles, um ônibus foi incendiado e houve confronto com a PM.
Na segunda (13), houve nova manifestação na região e um protesto na Câmara Municipal que interrompeu a sessão por dez minutos.
Os moradores afirmam que o racionamento de 10h de abastecimento a cada dois dias não é respeitado pela Águas de Itu e exige que o prefeito da cidade, Antônio Tuíze (PSD), aceite a recomendação do Ministério Público estadual em Itu e decrete estado de emergência ou calamidade pública.
A prefeitura criou um comitê de crise e anunciou diversas medidas para atenuar a crítica falta de água no município em setembro, após uma série de protestos, mas o Ministério Público afirma que elas não são suficientes.