• Cotidiano

    Monday, 06-May-2024 18:17:13 -03

    Conselho aponta queda de 14,7 mil leitos hospitalares na rede pública

    JOHANNA NUBLAT
    DE BRASÍLIA

    20/10/2014 02h00

    Um novo levantamento do CFM (Conselho Federal de Medicina) aponta para a redução, nos últimos quatro anos, de 14,7 mil leitos de internação na rede pública –pouco menos de 5% do total.

    A queda é mais significativa nos leitos dedicados de pediatria cirúrgica, psiquiatria e obstetrícia cirúrgica.

    Para a entidade, a quantidade desses leitos deveria estar subindo, e a queda agrava a superlotação nos hospitais e prejudica a realização de cirurgias e tratamentos.

    Para o Ministério da Saúde, a queda de leitos segue uma tendência mundial e se justifica, em parte, à maior tecnologia, que economiza internações.

    O governo também diz ter investido na abertura de outros tipos de leitos. O levantamento do CFM aponta aumento de 2.900 leitos complementares (para UTI e isolamento) e cerca de 11 mil para repouso e observação.

    O CFM compara o período de julho de 2010 e julho deste ano, a partir de informações obtidas por meio do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), do Ministério da Saúde.

    CRÍTICAS

    "O fechamento de leitos de internação é inaceitável e tem impactos em todo o sistema, nos atendimentos eletivos e na urgência e emergência", diz Mauro Ribeiro, vice-presidente da entidade.

    O crescimento de quase 11 mil leitos de repouso e observação não amenizam a queda dos 14,7 mil leitos de internação, avalia Ribeiro, pois não cumprem a finalidade de internar o paciente para tratamento ou para cirurgia.

    Já o crescimento dos leitos de UTI é uma notícia boa, afirma, mas o ritmo é "tímido".

    "O que existe, hoje, no Brasil, já está muito aquém da necessidade. E, em vez de aumentar, está diminuindo."

    O CFM reconhece que o problema não é apenas do governo federal, responsável pela formulação da política pública e por parte do financiamento da saúde, mas dos Estados e municípios.

    OUTRO LADO

    O Ministério da Saúde afirmou, por meio de nota, que a redução de leitos hospitalares é uma tendência no mundo, podendo ser vista mesmo em países que servem de referência no atendimento à saúde. No Reino Unido, cita a nota, o número caiu 26% entre 2003 e 2012.

    "No caso brasileiro, uma parcela significativa da diminuição de leitos hospitalares se deu pela saída dos pacientes atendidos pela saúde mental dos chamados manicômios. Soma-se a isso, a tecnologia que diminuiu o tempo de internação dos pacientes", afirma o ministério.

    Segundo a pasta, alguns procedimentos passaram a ser feitos fora dos hospitais, outros migraram para estruturas as UPAS.

    Segundo o ministério, 17,8 mil leitos foram criados em três anos em áreas como urgência, clínica, obstetrícia e saúde mental.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024