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    Assassino confesso de Goiás 'continua com vontade de matar', diz polícia

    DHIEGO MAIA
    DE SÃO PAULO

    20/10/2014 19h06

    Na madrugada desta segunda-feira (20), o assassino confesso de 39 pessoas em Goiânia afirmou a policiais da Denarc (Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos), onde está preso desde o dia 14, que "continua com vontade de matar".

    A informação foi repassada pelo delegado Eduardo Prado em entrevista à TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo em Goiânia.

    Ainda segundo o delegado, o vigilante Tiago Henrique Gomes da Rocha perguntou também se responderia criminalmente caso cometesse um assassinato dentro da cadeia.

    Mesmo após declarar que estava arrependido dos crimes, Rocha disse à polícia que foi essa "vontade de matar" que o levou a praticar os assassinatos.

    O delegado disse à emissora que o vigilante também vem pedindo bebida alcoólica.

    DEFESA

    O advogado do vigilante deixou a defesa dele nesta segunda-feira (20). Thiago Huáscar Vidal permaneceu à frente do caso, que ganhou repercussão internacional, por apenas sete dias.

    Em entrevista à Folha ele disse que desistiu da defesa por divergências no valor dos honorários.

    "É um caso complexo, que exige tempo e dedicação. Hoje, a mãe dele me procurou dizendo que não teria condições de cumprir o pré-acordo porque não possui condições financeiras. Por isso, abandonei a defesa", afirmou Vidal.

    No período em que defendeu o vigilante, Vidal disse que ficou surpreso com os detalhes de cada morte admitida por Rocha à polícia. O homem confessou o assassinato de mulheres, moradores de rua e homossexuais em Goiânia.

    "Antes do depoimento, eu o orientei a não produzir provas contra ele mesmo. Mas ele bateu na mesa e disse que falaria sim, que precisava tirar um peso", afirmou Vidal. "O homem é doido. Quem em sã consciência vai confessar crime?"

    Vidal afirmou que, no Tribunal do Júri, sua estratégia seria a de tentar provar que Tiago não tem condições de responder pelos próprios atos, mesma alegação que colocou nas ruas Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 28, lembra ele.

    Cadu, como é mais conhecido, confessou ter matado o cartunista Glauco Vilas Boas e o filho dele em 2010, mas foi considerado inimputável por ser esquizofrênico, segundo decisão da Justiça.

    Cadu está sendo investigado por um latrocínio e outra tentativa do mesmo crime em agosto deste ano, também em Goiânia, no período em que fazia tratamento em liberdade.

    "Não daria para negar a autoria do crime, porque exames de balística já comprovaram que ele [Rocha] matou. A estratégia seria mostrar que ele é inimputável", afirmou.

    De acordo com Vidal, nos últimos dias o vigilante pediu diversas vezes para ler reportagens sobre ele.

    "Ontem (19), um jornal inglês me procurou para uma entrevista. Quando eu comentei o fato, ele disse que tiraria fotos para o jornal, mas que antes precisaria fazer o cabelo e a barba", disse o advogado.

    A reportagem tentou contato com a Polícia Civil em Goiânia para saber se Rocha já tem um novo defensor, mas ninguém atendeu as ligações durante a tarde.

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