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    Odegar Junior Petry (1963-2014) - O inquieto e tranquilo poeta de 'versos sociais'

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    22/10/2014 00h01

    Odegar Junior Petry formou-se em computação, escreveu poesias, diagramou jornais, serviu hambúrgueres.

    A inquietude que marcou sua vida profissional também estava presente quando se tratava de política ou de problemas sociais. Fez de greve no colégio pedindo melhores professores a críticas ao capitalismo em seus versos.

    Esse desassossego, porém, não abalava a forma tranquila como levava a vida. Nunca respondeu rispidamente a uma ofensa, não era capaz nem de bater uma porta com força, conta a mãe, Suely.

    Além de calmo e sensível, era do tipo que "sabia de tudo". Livros e mais livros abarrotavam seu quarto e espalhavam-se pelo restante da casa. Lia muito desde criança.

    Também gostava de escrever. Suas poesias o tornaram conhecido na cena cultural de Caxias do Sul, na serra gaúcha. É um dos autores da coletânea "3" e fala de Paulo Leminski à "morte" das árvores pelas ruas da cidade em "Rol dos Insensatos".

    Em setembro, conseguiu realizar um de seus sonhos: ver a filha, Marina, formar-se na faculdade de serviço social —apesar de ter sido obrigado a usar terno e gravata, o que não gostava nem um pouco.

    Morreu na quarta-feira (15), um dia após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral), aos 51 anos. Deixa a mãe, a filha e o irmão, Carlos.

    Foi enterrado com a bandeira do Juventude, seu clube do coração e pelo qual jogou quando era pequeno.

    A família decidiu doar todos os órgãos de Odegar —"a última atitude de alguém que sempre se preocupou muito com os outros", diz Suely.

    coluna.obituario@uol.com.br

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