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    Crise da água

    Tribunal que fiscaliza contas do Estado não atinge meta de economia de água

    ANDRÉ MONTEIRO
    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    22/10/2014 12h11

    Responsável por fiscalizar as ações do governo de São Paulo, o Tribunal de Contas do Estado não conseguiu atingir a meta de redução de consumo de água criada pela Sabesp.

    O bônus de 30% na conta é dado aos consumidores que conseguem economizar 20% na comparação com a média de consumo de janeiro de 2013 a fevereiro de 2014.

    Nesta terça (21), reportagem da Folha mostrou que, em plena crise hídrica, órgãos como Prefeitura de São Paulo, Câmara Municipal e Assembleia Legislativa também não vêm conseguindo atingir a meta.

    A Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia) analisa a criação de um novo bônus para quem conseguir economizar de 10% a 15%. O morador ganhará uma redução de 10% na conta de água. Se o consumo cair de 15% a 20%, o desconto será de 20%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Desde a instauração do primeiro bônus, em fevereiro, o prédio da sede do TCE, na região central de São Paulo, não bateu a meta de gastar 607 m³ de água nenhuma vez.

    Além da meta não ter sido atingida, houve até aumento de consumo. Em agosto, por exemplo, o gasto de água cresceu 49% se comparado com o mesmo período de 2013 –passou de 795 m³ para 1.186 m³.

    Segundo o tribunal, o aumento ocorreu devido a um vazamento subterrâneo detectado somente com a chegada da conta. O TCE afirma que foi feita uma ligação aérea até que o reparo fosse concluído e que a água não foi inteiramente desperdiçada, pois abasteceu uma mina do subsolo (leia abaixo).

    O tribunal afirma ainda que, devido ao vazamento, negociou com a Sabesp um abatimento em sua conta de esgoto.

    Em outros dois imóveis, que servem de anexo do tribunal e têm contas separadas, houve redução do consumo, mas a meta só vem sendo atingida em um dos prédios.

    O Tribunal de Contas do Município, que fiscaliza os gastos da prefeitura, também não vem atingindo a meta da Sabesp.

    Desde o início do bônus, a sede do TCM, na zona sul de São Paulo, só conseguiu gastar menos que os 622 m³ estipulados uma vez, em junho.

    Uma segunda conta de água do TCM, que tem quatro imóveis além da sede, recebeu o bônus duas vezes (em junho e agosto).

    OUTRO LADO

    O TCE afirma ter adotado "ações estratégicas" para a redução do consumo de água, a partir de abril, que tiveram resultado positivo.

    Entre outras coisas, foi promovida campanha interna de conscientização, redução da pressão de torneiras, diminuição da rega dos jardins e da lavagem dos carros oficiais.

    O tribunal afirma que, do início do programa até outubro houve redução de 14% na média de consumo dos três prédios, o que representou economia de R$ 48.985,70.

    Segundo o TCE, o montante foi destinado "para a aquisição de equipamentos que promovem um melhor aproveitamento e evitam os desperdícios da água", como válvulas e torneiras automáticas.

    O tribunal também passou a usar uma mina localizada no subsolo da sede, com água imprópria para o consumo humano, para a limpeza da frota e dos ambientes.

    O TCM afirma que também promove uma campanha interna para o uso racional de água desde abril.

    Segundo os cálculos do tribunal, houve redução de consumo todos os meses na comparação com março, antes das ações. A economia variou de 29% (em abril) a 4% (em julho).

    "Em cinco meses de vigência da campanha interna, a economia conseguida é equivalente a um mês de consumo de água", diz o TCM.

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