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    Conceição Matteuzzo Bernardi (1916-2014) - Nunca se abateu com as tragédias da vida

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    23/10/2014 00h01

    Conceição Matteuzzo Bernardi não tinha fotografias para recordar a infância vivida numa fazenda em Itatiba (SP) nem para mostrar a bonita criança que teria sido, como imaginava a família, devido aos seus olhos azuis.

    A filha de imigrantes italianos lembrava-se com nitidez, no entanto, de não ter frequentado a escola, do dia em que ela e a mãe conseguiram se salvar depois de caírem de uma pinguela, de quando se tornou dama de honra de última hora do filho do patrão.

    Conceição nunca teve vergonha de contar que estava grávida quando se casou —um escândalo para a época— nem que outras mulheres, o alcoolismo do marido e a violência doméstica destruíram seu casamento, mas não o amor, como gostava de dizer.

    Ficou viúva aos 42 anos, após José se suicidar. Perdeu ainda um filho e um neto da mesma forma trágica. Quando lhe perguntavam como conseguiu aguentar tamanha desgraça, apenas respondia: "É a vontade de Deus".

    O analfabetismo sempre passou despercebido graças à sua esperteza e inteligência. Ao comprar carne, ficava de olho na balança, mesmo sem entender os números, para que o açougueiro pensasse que ela estava atenta para evitar que fosse enganada.

    Herança dos antepassados, a polenta era seu prato favorito, fosse com frango, pato ou qualquer outro molho.

    Morreu na terça (21), aos 98, de problemas decorrentes da idade —e feliz com a vida que teve. Deixa quatro filhos, dez netos e nove bisnetos.

    A missa do sétimo dia será celebrada no domingo (26), às 19h, na igreja Nossa Senhora de Fátima, em Itatiba.

    coluna.obituario@uol.com.br

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