A polícia prendeu nesta quinta (23) três suspeitos de terem incendiado um ônibus no sábado (18) em São Paulo, causando a morte do motorista. Um dos detidos é filho de um motorista de ônibus.

O crime ocorreu na Vila Jaraguá (zona norte). Em depoimento, segundo a polícia, os presos relataram que colocaram fogo no ônibus como forma de protesto contra a morte de Tiago Silva Santos, quando ele tentava roubar um policial militar aposentado.

O motorista do coletivo, John Carlos Brandão, teve mais de 70% do corpo queimado e morreu na noite de quarta-feira (22).

Lucas Mateus da Silva, 18, cujo pai é motorista de ônibus, Juan Diego Garcia, 19, e Marcos Vinícius Oliveira Silva, 22, são apontados pela polícia como os principais acusados de liderar o grupo que colocou fogo no coletivo. Outro suspeito foi detido, mas foi liberado por falta de provas.

Segundo a polícia, Lucas contou em mensagem de áudio por celular o que ocorreu a um amigo.

"Nós caímos no chão, mano, no bagulho, tá ligado? Aí nisso que nós caímos no chão, mano, ele se molhou com a gasolina, né parça? Aí nós descemos para fora do 'busão' trocando, mano", disse o suspeito.

"Eu fui tocar fogo lá no banco de trás, lá, mano, na porta de trás, tá ligado? Ele tava entrando no segundo degrau da frente, mano. Ele tava com gasolina, tá ligado? Ele já pegou fogo também."

Segundo a polícia, testemunhas afirmaram, porém, que ele jogou de forma proposital a gasolina em Brandão.

O trio preso responderá às acusações de homicídio, associação criminosa e corrupção de menores. A polícia ainda suspeita de outros três adolescentes e um adulto, que estão foragidos. A Folha não localizou advogados dos acusados.

Após a morte de Brandão, um grupo de motoristas e cobradores de ônibus fez um protesto, na tarde desta quinta, fechando quatro terminais da capital por cerca de uma hora.

A Secretaria de Segurança afirmou que as investigações de ataques a ônibus já resultaram na identificação de 140 autores, dos quais 78 foram presos no Estado.

Segundo a SPTrans, 114 ônibus foram incendiados desde janeiro e 759 foram depredados.