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    Na internet 'secreta', droga proibida é vendida por R$ 1

    ALEXANDRE ORRICO
    EDITOR-ASSISTENTE DE MERCADO/TEC
    REYNALDO TUROLLO JR.
    ROGÉRIO PAGNAN
    DE SÃO PAULO

    26/10/2014 02h00

    Diferentemente do promotor Cássio Conserino, que adquiriu drogas para sua investigação em sites convencionais, usuários experientes têm usado artimanhas mais sofisticadas para comprá-las correndo menos riscos.

    A web é como um iceberg: a parte que desponta para além da superfície, visível aos olhos, não é nem 10% da extensão total do conteúdo existente na rede.

    Mas há uma parte mais obscura, conhecida como "deep web" (internet profunda), cujo conteúdo está fora do alcance de qualquer mecanismo de pesquisa, como o Google, e que abriga, na maior parte das vezes, conteúdo ilegal ou controverso.

    O site Evolution, um dos maiores repositórios de produtos e serviços abrigados sob a "deep web", oferece mais de 15 mil artigos para venda que vão de drogas como cocaína, maconha e heroína até armas e números de cartões de crédito roubados.

    Na mesma linha está o Silk Road 2.0, nova versão do site fechado pelo FBI no ano passado. Segundo o FBI, o Silk Road movimentou US$ 1,2 bilhão entre 2011 e 2013 com a comercialização de drogas como haxixe do Marrocos, cogumelos dos Estados Unidos e cocaína da Holanda, e de remédios controlados, aparelhos para espionagem, joias falsas e pornografia.

    Esse mercado funciona sob um princípio essencial: todo mundo permanece anônimo.

    Os usuários só têm acesso aos sites da "deep web" por meio de um software cujo objetivo é proteger a identidade e a localização das pessoas.

    BITCOIN

    O meio de pagamento mais comum na internet profunda é a moeda virtual Bitcoin, por meio de transações cifradas. Na última quarta (22), um Bitocoin valia, na última quarta (22), cerca de R$ 990.

    A Folha ouviu dois usuários de São Paulo que, há pelo menos um ano, compram substâncias alucinógenas pelo Silk Road.

    A porção de 100 g da substância Pentedrona, por exemplo, comprada pelo promotor Conserino e que ainda não é proibida pela Anvisa, estava à venda nesta semana por 1,04 Bitcoin –ou R$ 1.030.

    Trata-se de um pó branco, de aspecto semelhante à cocaína, que vem escondido nas cartas entre papéis.

    Já a cartela com cem unidades de 25B-NBOMe, consumido pelo estudante Victor Hugo dos Santos, 20, que, segundo a polícia, morreu afogado após uma festa na USP, sai por 0,1 Bitocoin (R$ 99).

    Drogas do grupo NBOMe foram proibidas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em fevereiro deste ano.

    Na "deep web", cada unidade custa menos de R$ 1, enquanto seu preço nas festas vai de R$ 30 a R$ 40.

    A droga mais comprada por um dos usuários ouvidos pela reportagem, sob condição de anonimato, é o MDMA, princípio ativo do ecstasy. Chega em até dois meses no apartamento do rapaz, que diz encomendá-la para consumo próprio em festas.

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