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    Grupos de 'rolo' na internet trocam até gongo tailandês

    REGIANE TEIXEIRA
    DE SÃO PAULO

    26/10/2014 02h00

    Daqui a um mês, a secretária Lila Barros, 32, vai se mudar de uma casa para um apartamento no Jardim Bonfiglioli, na zona oeste de São Paulo. Quando ela pensa na decoração do seu novo lar, a sua primeira opção é perguntar no Facebook se alguém tem o item de que ela precisa.

    Por um grupo de trocas na rede social, ela já adquiriu banquetas, luminárias e um conjunto de vasos e prateleiras para um jardim vertical.

    "É uma maneira de conseguir peças diferentes, ser sustentável e não gastar", diz a secretária, que organiza uma festa em praça pública prevista para dezembro, em comemoração à nova casa e aos itens que trocou no grupo.

    Fabio Braga/Folhapress
    Lila Barros, 32, conseguiu parte da sua nova decoração em grupos de troca de objetos na internet
    Lila Barros, 32, conseguiu parte da sua nova decoração em grupos de troca de objetos na internet

    Quem faz "rolos" virtuais publica o que tem a oferecer e o que deseja em troca nos diversos grupos pela internet. As negociações são feitas nos comentários das postagens ou em mensagens privadas. Os produtos chegam por correio ou são entregues pessoalmente pelos donos.

    A geóloga Carla Moraes, 30, já trocou até material de construção. "Tinha acabado de fazer uma reforma e sobrou muita coisa", conta.

    Quem levou roupas que não serviam mais e saiu com o carro lotado de piso, cimento e latas de tinta foi Susana Alves, 33. "Eram quatro metros de porcelanato polido que ficaram um mês na mala do meu carro", lembra.

    No último Natal, até o presente da filha de Susana veio do escambo: um tablet que foi trocado por um vestido, um tênis e uma cortina.

    "Comecei a escambar coisas porque tenho quatro filhos que perdem muitas coisas e sempre precisam de novas. Economizo muito assim, a última vez que fui ao shopping faz seis meses."

    Apesar das vantagens, as trocas incluem custos e riscos. Além da possibilidade de uma das partes não cumprir o acordo de mandar o item, as peças podem chegar danificadas ou em um estado pior do que o visto nas fotos publicadas na internet.

    "A dica é pegar referências da pessoa com quem você está negociando com outros membros do grupo. Tem gente que manda fotos falsas do produto que quer trocar", diz Susana, que participa de pelo menos 20 comunidades.

    No caso de sapatos, ela diz, o melhor é pedir para a pessoa mandar a foto do calçado no pé. "Senão ela vai mandar a foto dele novo e usar depois até gastar", afirma.

    No grupo "Escambo", é possível achar de material cirúrgico a um gongo tailandês dourado. Pesquisar um item ali é como garimpar em um antiquário ou em um brechó.

    "Quando vejo, perco horas fazendo isso", diz a secretária Lila Barros. Entre os milhares de itens, no entanto, alguns têm mais valor de troca. Instrumentos musicais, camas, guarda-roupas, geladeiras, fogões, eletrônicos e videogames são usados por alguns usuários como moeda para negociações futuras.

    É comum achar quem troque algo por um desses itens, mesmo que não precise dele, mas o use nos grupos em uma outra negociação em que o item será mais facilmente aceito do que o anterior.

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