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    Isnar Cabral de Moura (1909-2014) - Primeira jornalista de Pernambuco

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    28/10/2014 00h01

    Palavrões podiam ser ouvidos pelo centro de Recife quando Isnar Cabral de Moura desafiava "os bons costumes" nos anos 1930 e 40 sentando-se num bar para beber com os colegas de Redação.

    Mulher de personalidade forte, não dava atenção ao preconceito que sofria por ser a primeira jornalista profissional de Pernambuco —em vez de, como diziam, ficar cuidando de marido e filhos, que ela nunca teve.

    Isnar trabalhou por cerca de três décadas no "Jornal do Commercio". Professora, assinava uma coluna sobre temas ligados à educação e a acontecimentos sociais.

    Fez parte do sindicato da categoria, mas não foi uma ativista política. Durante a ditadura militar, era considerada "meio subversiva".

    Não se limitou a tratar de educação apenas nas páginas do jornal. Bolsista de Anísio Teixeira, levou para seu Estado natal os conhecimentos difundidos pelo educador.

    Aposentou-se como docente e também abriu uma escola ao lado da irmã e da mãe. Esta era, aliás, seu exemplo de professora. Inspirada em dona Eufrásia, Isnar escreveu "Admirável Mulher do Capitão Zeferino", um de seus principais livros.

    Dedicou-se às letras até uns 90 de seus 105 anos de vida. Tinha uma enorme biblioteca e sempre incentivou os sobrinhos a lerem muito. No Natal, presenteava-os com obras de Monteiro Lobato, irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, por exemplo.

    Morreu na quarta-feira (22), de falência de múltiplos órgãos. Deixa sobrinhos e sobrinhos-netos, alguns criados como se fossem filhos.

    coluna.obituario@uol.com.br

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