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    Número de mortes em confronto com a PM é o maior em dez anos em SP

    FERNANDA MENA
    PEDRO IVO TOMÉ
    DE SÃO PAULO

    28/10/2014 02h00

    O Estado de São Paulo e a capital tiveram neste ano o maior registro de pessoas mortas em confronto com PMs em serviço para o período de janeiro a setembro nos últimos dez anos.

    Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, foram 478 mortes provocadas por ações da PM no Estado, um aumento de 99% em relação ao mesmo período de 2013, que teve 240 registros.

    Na capital, houve salto de 98 mortes para 244, um crescimento de 149% para os nove primeiros meses do ano.

    Os números atuais ultrapassam os do período em 2006, ano em que o Estado sofreu uma onda de ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e passou pela pior crise de segurança da sua história.

    De janeiro a setembro daquele ano, foram registradas 413 mortes por PMs em serviço no Estado e 222 na capital paulista. A ofensiva criminosa se concentrou em maio.

    Já o número de PMs mortos em serviço em 2014 foi o menor em dez anos para os nove meses: 10 policiais morreram no Estado, cinco deles na capital, o que representa queda de 9% e 29%, respectivamente, em relação a 2013.

    Em setembro, um policial militar matou com um tiro um camelô durante uma operação contra pirataria na Lapa, zona oeste de São Paulo.

    O PM Henrique Dias Bueno de Araújo, responsável pelo disparo, chegou a ser preso em flagrante por homicídio, mas foi solto em seguida.

    Na última semana, duas pessoas morreram em uma suposta troca de tiros com a PM.

    Segundo a polícia, um homem foi morto após atirar contra policiais na sexta (24), em Guaianases, na zona leste da capital. No sábado (25), a Rota (tropa de elite da PM), matou outro homem em Capão Redondo, na zona sul.

    HIPÓTESE

    Segundo o coronel reformado José Vicente da Silva, professor do Centro de Altos Estudos da PM, uma pesquisa interna apontou para o aumento de mais de 60% nos confrontos com bandidos.

    "É quando o criminoso armado, ao se deparar com policiais, se entrega ou atira. E eles estariam atirando, o que teria causado esse aumento nas mortes", diz.

    Especialistas apontam que os baixos índices de investigação de crimes como roubo e furto criam uma situação de tudo ou nada: para não serem presos em flagrante, os criminosos partem para o confronto com a polícia.

    "Ainda assim, é uma situação preocupante. É preciso que os casos sejam investigados e que a Promotoria avalie a legalidade das ações em cada caso", afirma o coronel.

    Em nota, a PM diz que a maioria das mortes por policiais acontece em ocorrências de crime contra o patrimônio.

    Para a polícia, o aumento dos indicadores de roubo reflete no crescimento dos confrontos, porque a PM, "com o emprego de tecnologia de ponta", chega cada vez mais rápido às ocorrências.

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