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    Crise da água

    Socorro ao sistema Cantareira ameaça agora reservatório do Guarapiranga

    ARTUR RODRIGUES
    FABRÍCIO LOBEL
    DE SÃO PAULO

    29/10/2014 02h00

    Depois de afetar os sistemas Cantareira e Alto Tietê, a crise hídrica agora ameaça o Guarapiranga, o terceiro maior da Grande São Paulo.

    O uso de outros mananciais para socorrer o Cantareira, o principal da região, faz parte do plano de contingência adotado pela Sabesp.

    Áreas que tradicionalmente eram abastecidas pelo Cantareira passaram a receber água dos sistemas Alto Tietê, Rio Claro e Guarapiranga.

    O Guarapiranga abastece as zonas sul e sudeste da capital. Das 4,9 milhões de pessoas atendidas pelo sistema atualmente, 1 milhão eram abastecidas pelo Cantareira.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Em outubro, o ritmo de consumo do Guarapiranga dobrou em relação ao mês anterior. Em 28 dias, o volume do reservatório caiu 11 pontos percentuais, chegando a 40,8%. No mesmo período do ano passado, o sistema marcava 76,7%.

    Se a estiagem continuar mesmo no período chuvoso, o manancial pode se esgotar em meados de fevereiro, antes da segunda cota do volume morto do Cantareira, que deve durar até março.

    De acordo com a Sabesp, nos próximos dias deve ser ampliada a capacidade de captação de água do sistema.

    O professor Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp, afirmou que, antes do aumento da captação do Guarapiranga, a estimativa era de que o manancial aguentaria três anos de estiagem.

    "Diante da falta de chuvas e do aumento da captação para o socorrer o Cantareira, a tendência é acelerar [a diminuição do nível]", disse.

    Segundo maior manancial que atende a Grande São Paulo, o Alto Tietê está em situação crítica, com 7,2% de seu volume. No caso de a estiagem prosseguir, pode se esgotar em dezembro.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Ilha na represa de Guarapiranga, na zona sul de São Paulo
    Ilha na represa de Guarapiranga, na zona sul de São Paulo

    O sistema atende 4,5 milhões de pessoas na zona leste e na região metropolitana.

    A seca no manancial mudou radicalmente a vida de Waldomiro Silva Santos, 64, que costumava dividir o tempo entre a pesca e a administração de um pequeno restaurante na represa de Taiaçupeba, em Mogi das Cruzes (Grande São Paulo).

    Com a estiagem, ele disse que passou a ter de comprar os peixes. "Estou há 90 dias sem pescar", afirma.

    O comerciante relata que, atualmente, a margem da represa fica a 2 km do ponto onde estava antes da seca.

    Outros sistemas que atendem a região metropolitana também estão tendo diminuição rápida no volume.

    O nível do Rio Claro, que abastece 1,5 milhão de pessoas em parte do ABC e da zona leste da capital, caiu neste mês de 60,9 % para 45,8%.

    CANTAREIRA

    Nesta terça (28), o sistema Cantareira operava com 12,8% de sua capacidade. O dado já contabiliza 10,7 pontos percentuais da segunda cota do volume morto.

    O reservatório já chegou a abastecer 8,5 milhões de pessoas. Com as transferências de sistemas, abastece atualmente 6,5 milhões.

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