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    Justiça proíbe PM de usar bala de borracha em manifestação

    DE SÃO PAULO

    29/10/2014 11h04

    A Justiça concedeu na última sexta-feira (24) uma liminar (decisão provisória) que proíbe a PM de usar balas de borracha para conter manifestações no Estado de São Paulo.

    A decisão obriga o governo estadual a apresentar um plano de atuação de como a PM deve agir durante os protestos. O governo estadual diz que vai recorrer da decisão.

    Em abril, a Defensoria Pública entrou com a ação civil pública na qual pedia à Justiça a determinação de diversas medidas para coibir excessos por parte de policiais em manifestações públicas. A organização não governamental Conectas Direitos Humanos também se manifestou na ação.

    Na decisão, o juiz Valentino Aparecido de Andrade, da 10ª Vara da Fazenda Pública da capital diz que durante os protestos do ano passado a PM não soube lidar com os manifestantes.

    "O que se viu, em 2013, foi uma absoluta e total falta de preparo da Polícia Militar, que, surpreendida pelo grande número de pessoas presentes aos protestos, assim reunidas em vias públicas, não soube agir, como revelou a acentuada mudança de padrão: no início, uma inércia total, omitindo-se no controle da situação, e depois agindo com demasiado grau de violência, direcionada não apenas contra os manifestantes, mas também contra quem estava no local apenas assistindo ou trabalhado, caso dos profissionais da imprensa", diz a decisão.

    O fotógrafo Sérgio Silva, 33, perdeu a visão de um olho após ser atingido por uma bala de borracha durante as manifestações de junho do ano passado. Em janeiro, ele se reuniu com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, para entregar um abaixo-assinado e pedir o fim do uso de bala de borracha. Grella se comprometeu na época a encaminhar o pedido à Polícia Militar.

    Sergio Silva/Arquivo Pessoal
    Sérgio Silva perdeu a visão do olho esquerdo ao ser atingido por bala de borracha
    Sérgio Silva perdeu a visão do olho esquerdo ao ser atingido por bala de borracha

    Pela decisão, o governo terá que elaborar um projeto de atuação da PM em reuniões populares com encaminhamentos sugeridos pela Defensoria Pública. Uma das medidas, por exemplo, é que a dispersão dos manifestantes só ocorra em casos extremos, ou seja, ou uso de spray de pimentas e gases somente quando a PM não tiver como controlar os manifestantes.

    Os policiais também devem estar identificados com o nome e posto estampados nas fardas em locais visíveis.

    Procurada, a Secretaria de Estado da Segurança Pública informou que a PM "atua dentro dos estritos limites da lei e segundo padrões reconhecidos internacionalmente. A decisão judicial é provisória e será enfrentada por recurso próprio."

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