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    Suspeito exigir propina usou 'formulário de CPI' com erro e ameaça

    ARTUR RODRIGUES
    LEANDRO MACHADO
    DE SÃO PAULO

    30/10/2014 02h00

    Um servidor suspeito de exigir propina durante a CPI dos Alvarás utilizava um formulário, em vistorias a estabelecimentos comerciais, que não é reconhecido pela própria Câmara Municipal.

    O documento tem o logotipo da Casa, a assinatura do fiscal e erros de ortografia –como "contrôle".

    A assessoria da presidência da CPI diz não reconhecer o papel que o engenheiro Roberto de Faria Torres entregava, com sua assinatura, a comerciantes. Segundo a comissão, ele não tem autorização para fazer fiscalizações nem autuações como a que constam no documento.

    O formulário tem ameaças de multa e interdição caso documentos exigidos não fossem entregues em cinco dias.

    A prática oficial na CPI era de solicitar documentação apenas por ofício e dava aos lojistas um prazo de 20 dias.

    A CPI dos Alvarás foi criada para verificar a situação dos locais de reunião da cidade, com capacidade para mais de 250 pessoas.

    Gravação exibida no "Fantástico", da TV Globo, mostra Torres e o ex-assessor parlamentar Antonio Pedace pedindo a um comerciante R$ 15 mil por um laudo que retiraria o estabelecimento das investigações da CPI.

    Torres era funcionário emprestado da Secretaria Municipal de Licenciamentos. O engenheiro vinha sendo investigado pela Controladoria Geral do Município, que suspeitava de seu patrimônio suspeito. Em cinco anos, comprou 19 imóveis.

    O advogado Davi Gebara, que o defende, afirma seu cliente nega as irregularidades e vai colaborar com a Justiça. Gebara afirmou desconhecer o documento mencionado pela reportagem.

    A cessão específica de Torres foi pedida pelo vereador Adilson Amadeu (PTB), um dos membros da comissão. A Câmara mandou três ofícios para que Torres fosse liberado da secretaria para atuar como assessor técnico da CPI.

    O último deles é uma convocação, feita pelo presidente da comissão, o vereador Eduardo Tuma (PSDB).

    Durante uma das sessões, Amadeu critica a secretária de Licenciamentos, Paula Motta, dizendo que ela "está brincando com a CPI" ao não liberar o funcionário.

    Em nota, Amadeu disse que pediu a liberação de Torres porque ele havia se oferecido e afirmou que não o conhecia antes da CPI.

    Já Antonio Pedace, que trabalhava no gabinete de Tuma, foi exonerado. O advogado dele diz que ele é inocente.

    O vereador diz que não tinha conhecimento das atividades dos funcionários.

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