Entre os dias 8 e 28 de novembro, os postos de saúde do país vão vacinar as crianças com idade entre seis meses e cinco anos contra a poliomielite. No mesmo período, as crianças com idades de 1 a 5 anos receberão a vacina contra o sarampo.
A imunização contra a pólio oferecida em novembro é uma dose de reforço anual, dada mesmo para quem está com o cartão de vacinação em dia, e será ofertada na forma oral –as "gotinhas".
Apenas as crianças que não tiverem tomado nenhuma dose da vacina contra a pólio até aqui –ou seja, perdido as primeiras doses do calendário, que começa aos dois meses de idade para essa doença– tomarão a dose contra a paralisia infantil pela via injetável.
Já a vacina contra o sarampo é apenas injetável (a tríplice viral, que inclui ainda proteção contra caxumba e rubéola) e trata-se de um reforço que costuma ser dado, no Brasil, em intervalos de cerca de cinco anos –desta vez, foi antecipada frente à força do sarampo nas Américas, incluindo o Brasil, nos últimos dois anos.
A vacina contra o sarampo também será oferecida às crianças que têm em dia o cartão de vacinação.
O Ministério da Saúde também atualizou um aplicativo para smartphones e tablets que oferece uma carteira eletrônica de vacinação. Nele estão disponíveis todas as vacinas e dez cartões de vacinação podem ser cadastrados –não apenas para crianças. Lembretes são enviados para que a dose seguinte seja buscada pelas famílias.
A meta do governo é vacinar cerca de 12,7 mil crianças contra a pólio e 10,9 mil contra o sarampo. As imunizações estarão disponíveis em cerca de 100 mil postos de saúde, que podem aproveitar para avaliar se as carteiras de vacinação das crianças estão completas.
A partir da próxima semana, estará no ar a campanha de vacinação contra as duas doenças. As peças utilizam elementos próximos das crianças e das mães, com referências da Peppa Pig e mangá.
Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde do ministério, alerta para a importância do reforço contra essas duas doenças, mesmo que a pólio esteja erradicada do país há 25 anos e o sarampo só registre casos "importados" de outros países.
"Pode ser que famílias achem que não precisa da vacina, mas com o mundo globalizando e o aumento de viagens, o mundo todo está contato. Nada impede que a criança tenha contato com alguém que é de países com transmissão", disse Barbosa.
Em 2014, 228 casos de poliomielite foram registrados no mundo (a maioria no Paquistão) e 154,6 mil casos de sarampo ocorreram em 175 países.
RISCO DO SARAMPO NO BRASIL
Entre 2013 e 2014, o Brasil registrou o maior surto de sarampo desde que a transmissão nacional da doença foi interrompida no país, nos anos 2000, o que ocorreu com a disseminação nacional a partir de casos "importados".
Até o momento, porém, ainda considera-se que o país não tem uma transmissão nacional sustentada –o que ocorre, pelos critérios vigentes, quando a transmissão ultrapassa um ano.
Entre março do ano passado e março deste ano, 224 casos foram identificados em Pernambuco. E entre 25 de dezembro de 2013 e 14 de outubro, o Ceará registrou 451 casos.
O ministro Arthur Chioro (Saúde) afirmou que a transmissão no Ceará já diminuiu significativamente, graças a um esforço de gestores locais e federais, que incluíram um reforço de vacinação em junho e julho.
Barbosa diz acreditar que a transmissão será contida antes de completar 12 meses de transmissão no Ceará.
As Américas, como um todo, sofreram com o sarampo nos últimos anos.