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    'Representante' da CPI dos Alvarás pediu R$ 200 mil, diz empresário

    ARTUR RODRIGUES
    DE SÃO PAULO

    31/10/2014 02h00

    Uma nova testemunha diz ter sido vítima de tentativa de extorsão por supostos representantes da CPI dos Alvarás.

    O dono de uma casa noturna relatou à Folha que um homem que se identificou como representante de vereadores da comissão tentou extorquir dele R$ 200 mil para que o local não fosse investigado. A CPI visava verificar a situação de locais com capacidade para mais de 250 pessoas.

    O empresário, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, é sócio de uma grande boate no centro expandido de São Paulo. O local foi vistoriado no primeiro semestre, conforme ele, por um comitê de vereadores.

    "Vieram para achar pelo em ovo. E quando você procura pelo em ovo, você acha pelo em ovo", diz.

    Segundo ele, os parlamentares questionaram pontos relacionados a rotas de fuga e à capacidade de público.

    A reportagem apurou a situação do estabelecimento na prefeitura. A casa noturna tem os principais documentos, como alvará e o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros).

    Dias após a vistoria, o "representante" apareceu. "Ele já chegou coagindo, dizendo que, se não déssemos o dinheiro, iríamos ser investigados", afirmou.

    SERVIDORES

    O homem, afirma o empresário, não era nenhum dos dois servidores flagrados pelo "Fantástico", da TV Globo.

    Na reportagem, aparecem o engenheiro Roberto de Faria Torres e o então assessor parlamentar Antonio Pedace pedindo R$ 15 mil a um dono de bar por um laudo que tiraria o local da mira da CPI –ambos negam as acusações.

    A nova testemunha afirma que ele e os sócios não pagaram a propina e que todos os documentos solicitados pela CPI foram entregues.

    Apesar disso, os vereadores emitiram um ofício cobrando da prefeitura que o local fosse fiscalizado por causa de supostas irregularidades.

    A assessoria da presidência da CPI afirmou desconhecer a situação narrada pelo empresário. Os vereadores negam qualquer envolvimento com cobrança de propina.

    A Corregedoria da Câmara investiga o caso.

    QUEIXAS

    A Folha apurou que, durante a CPI dos Alvarás, reclamações de cobrança de propina chegaram a vários vereadores, procurados por comerciantes e empresários de suas bancadas eleitorais.

    Não houve denúncia formal à Casa. No entanto, os parlamentares começaram a pressionar para que a comissão fosse encerrada.

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