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    Crescimento de planos de saúde lota laboratórios

    NATÁLIA CANCIAN
    DE SÃO PAULO

    03/11/2014 02h00

    Marco Ankosqui/Folhapress
    Pacientes têm que aguardar até três meses para conseguir exames pelos planos de saúde
    Pacientes têm que aguardar até três meses para conseguir exames pelos planos de saúde

    Recepções lotadas, senhas e pacientes à espera no corredor. Um cenário costumeiro ao SUS já se replica, ainda que em menor escala, também em laboratórios particulares.

    A Folha visitou 12 laboratórios de grandes redes -como A+, Lavoisier, Delboni, SalomãoZoppi e Centro de Diagnóstico do Brasil- durante manhãs da semana passada e encontrou salas de espera cheias em todos eles.

    Pacientes relatam dificuldades em agendar exames e longa espera na data marcada para conseguir atendimento. "Levo uma hora só para abrir a ficha. Até fazer os exames, já esperei três horas", diz a nutricionista Valquíria Turoni, 42, que busca no diagnóstico uma resposta para as dores na coluna.

    A demora atinge mesmo exames mais simples. Era 6h50 de terça quando Ana Paula Souza chegou a um laboratório da A+ para um exame de sangue. Conseguiu sair de lá somente cerca de duas horas depois. "Fui mais cedo para não atrasar. Mas só consegui sair às 8h40", afirma.

    Laboratórios confirmam o aumento na demanda. E apontam fatores.

    O primeiro é o crescimento no número de usuários de planos de saúde no país. Em cinco anos, esse contingente passou de 43 milhões para 50 milhões de pessoas, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

    Hoje, 26,1% da população brasileira tem planos de assistência médica. Em São Paulo, a proporção é ainda maior: 45,4% no Estado e 60,8% na capital.

    Em média, médicos pedem três vezes mais exames de pacientes que têm planos de saúde que aos do setor público, explica Gustavo Campana, da SBPC/ML (Sociedade Brasileira de Patologia Clínica), que reúne especialistas em medicina laboratorial.

    A mudança na tecnologia, que trouxe maior oferta de exames disponíveis, o envelhecimento populacional e um aumento no número de doenças crônicas, como diabetes, também são outros motivos que explicam esse cenário, aponta Campana.

    AGENDA PARA 2015

    Antes da espera no laboratório, a maioria dos pacientes encara outro desafio: o agendamento.

    A ANS recomenda que o prazo máximo de espera não ultrapasse três dias para exames mais simples como hemogramas, ou dez dias, para exames como mamografias e eletrocardiograma.

    Para procedimentos de alta complexidade, como ressonância magnética, o prazo recomendado é de até 21 dias.

    A Folha ligou para os laboratórios sem se identificar e encontrou casos de demora de mais de três meses.

    Uma colposcopia, que pode detectar câncer de colo de útero, só está disponível para meados de dezembro. Em outro laboratório: 15 de janeiro.

    Para driblar a espera, há quem encare unidades longe de casa. Na última quarta (29), o assistente financeiro Rodrigo Oliveira, 21, saiu às 5h20 de Santo André para estar às 7h em uma unidade no Tatuapé, em São Paulo. Repetiria o trajeto na sexta. Perto de onde mora, só havia vaga quase no fim de novembro. "Em três dias, resolvo tudo. Melhor que esperar três semanas."

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