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    Izabel Mendes da Cunha (1924-2014) - Fazia de suas bonecas de barro uma arte

    DE SÃO PAULO

    03/11/2014 00h00

    Nas mãos de Izabel Mendes da Cunha, o barro do Vale do Jequitinhonha se transformava em obras de arte.

    Noivas vestidas de branco, mães amamentando bebês e outras personagens da vizinhança davam forma às bonecas moldadas pela artesã. Vez por outra, homens em elegantes ternos também saíam dos rústicos fornos que ela usava para queimar as peças.

    Filha de louceira, Izabel aprendeu a mexer com o barro ainda criança ao fazer suas próprias bonecas. Não imaginava que décadas mais tarde as criações se tornariam famosas no exterior e até inspirariam uma coleção de moda do conterrâneo Ronaldo Fraga.

    O ofício da bonequeira nunca foi segredo para ninguém. Ensinou familiares e quem mais quis aprender na Associação dos Artesãos de Santana do Araçuaí, vilarejo de Ponto dos Volantes.

    Além do cuidado na hora de trabalhar a "massa", para evitar bolhas e outras imperfeições, Izabel destacava-se na decoração das peças. Para acompanhar os bonitos vestidos, desenhava colares, brincos, flores no cabelo.

    O colorido não vinha de tintas, mas da mistura de diversas tonalidades de barro.

    A longa fila de espera para encomendar um de seus trabalhos reflete o sucesso das criações da mineira, que também recebeu, entre outros, o Prêmio Unesco de Artesanato para a América Latina (2004) e o Prêmio Culturas Populares, do Ministério da Cultura (2009).

    Foi ainda homenageada na abertura da exposição "Mulheres, Artistas e Brasileiras" (2011), no Palácio do Planalto.

    Morreu na quinta (30), aos 90, de câncer. Deixa quatro filhos, netos e bisnetos.

    coluna.obituario@uol.com.br

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