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    Atraso na abertura da estação Fradique Coutinho frustra comerciantes; assista

    RICARDO GALLO
    DE SÃO PAULO

    07/11/2014 02h00

    Demorou tanto para o metrô Fradique Coutinho ficar pronto que alguns comércios abertos anos atrás para lucrar com o público da nova estação já fecharam as portas.
    Aconteceu, por exemplo, com quatro imóveis na rua Fradique Coutinho, hoje com placas de "aluga-se", todos a poucos metros da futura estação -que será aberta no outro sábado (15) numa área nobre da capital paulista.

    Entre eles está uma clínica de estética. As sócias abriram o local há três anos de olho na clientela que viria com o novo metrô. Mas as obras atrasaram e, nesse período, o trio se desentendeu, e o negócio fechou.

    Dona de uma franquia de escola de inglês na mesma rua, Kelly Miyazaki, 33, elenca outra razão para a saída de comerciantes: na hora da renovar o contrato, os donos dos imóveis pediram mais pelo aluguel e não houve acordo.

    "Eu ainda consegui negociar um bom contrato e ficar, mas muita gente saiu." Ela se instalou ali por causa da nova estação do metrô e, agora, espera aumento de alunos.

    Luciana Sganzerla, 44, é a terceira inquilina em quatro anos de um imóvel na rua dos Pinheiros, um restaurante por quilo bem em frente à entrada da estação. Os antecessores não aguentaram esperar pala abertura e fecharam.

    "Por enquanto não dá para saber como vai ser. Eu tenho uma clientela fixa, mas a gente espera que aumente, pela localização daqui."
    mais caros

    Às vésperas da abertura da estação, os imóveis vagos estão mais caros. Um proprietário cobra R$ 7.000 por um salão de 30 metros quadrados; vizinho do imóvel, Fábio Miceno, 32, paga R$ 4.000.

    Por um galpão, um proprietário está cobrando R$ 18 mil. Um ano atrás, estava R$ 15 mil, diz uma ex-locatária.

    "Ao puxar o preço para o alto, não renovar o contrato e decidir trazer o imóvel para o mercado, o proprietário corre grande risco de prejuízo", disse o consultor José Santos, que trabalha em uma imobiliária que anuncia os imóveis vagos da Fradique Coutinho.

    "É uma lógica de perna curta, porque o dono troca receita do aluguel pela despesa de manter o imóvel vazio."

    A tendência é que a oferta e demanda se equilibre com o tempo, diz Ricardo Yazbek, vice-presidente do Secovi, sindicato que representa o mercado imobiliário. O momento ruim da economia também contribui para os imóveis vagos, afirma.

    Ela se queixa de outro fenômeno: a chegada de ambulantes que vendem café da manhã na calçada.

    PERFIL

    A estação Fradique Coutinho deve atrair 15 mil pessoas por dia. Ela deveria ter ficado pronta ainda em 2010.

    Entre as razões para o atraso estão a cratera aberta nas obras da linha, em 2007, e o fato de o governo ter priorizado algumas estações na "ponta" da linha 4 -como Luz e Butantã, e deixado as intermediárias para depois.

    Quem gostou da estação foi o casal José Eduardo, 89, e Ruth Medina, 90, que mora ali desde 1958, quando a rua dos Pinheiros era de terra, quase diante do novo prédio. "É bom que aqui vai ficar mais agitado", diz ele.

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