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    Rio de Janeiro

    'Ele está massacrado', diz ex-mulher de juiz parado em blitz no Rio de Janeiro

    DIANA BRITO
    DE DO RIO

    08/11/2014 02h00

    A advogada e ex-deputada estadual Alice Tamborindeguy, ex-mulher do juiz João Carlos de Souza Corrêa, disse à Folha nesta sexta-feira (7) que ficou "indignada" com a atitude da agente de trânsito que o parou em blitz.

    Luciana Tamburini foi condenada a indenizar o magistrado por ter dito, em uma fiscalização da Lei Seca em 2011, que ele "não era Deus".

    O juiz foi abordado no Leblon, zona sul do Rio, sem habilitação e em um veículo sem placa. Na ocasião, o magistrado anunciou voz de prisão à agente de trânsito.

    O caso ganhou repercussão nos últimos dias após Luciana, atualmente licenciada, ter sido condenada a indenizá-lo em R$ 5.000.

    Ex-mulher de Corrêa e irmã da socialite Narcisa, Alice conta que, no dia da blitz, chegou em dez minutos ao local com a carteira que ele havia esquecido em sua bolsa.

    "Ele está tão massacrado com tudo que está acontecendo", afirma Alice. Ela diz que a agente foi "desrespeitosa, debochada, grosseira" e ficou "alteradíssima o tempo inteiro" durante a abordagem.

    "Depois que soube que ele é juiz, ela [agente] montou em cima dele: Sabe que não pode andar sem carteira. Você é um juiz... Não conhece a lei? Pensa que é Deus?'", relata.

    A ex-deputada destacou que não tem dúvidas de que a decisão da Justiça do Rio, que considerou que Luciana "tinha a clara intenção de deboche" e o "objetivo de expô-lo ao ridículo'', foi justa. A Folha tentou contato com Luciana nesta sexta, mas ela não foi encontrada.

    A Corregedoria Nacional de Justiça anunciou que fará uma reavaliação do caso.

    INVESTIGAÇÃO

    O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) informou que o juiz é alvo de outra investigação, relacionada a decisões sobre disputas de terra na Comarca de Búzios, cidade da região dos Lagos do Rio, onde Corrêa atuou até 2012.

    Há duas denúncias contra o magistrado: a mais grave por suposto favorecimento a um advogado que afirma ser dono de uma área de 5 milhões de metros quadrados, em área nobre do município.

    A reportagem foi até o gabinete do juiz no Fórum de Campo Grande, zona oeste carioca, mas um estagiário disse que ele havia saído mais cedo para ir ao médico.

    Em nota, o CNJ afirma que ainda está sendo investigado "se houve infração disciplinar pelo juiz e, por isso, não há nenhuma condenação contra ele até o momento".

    Outro episódio ocorreu em 2007 e foi divulgado na época pela coluna de Ancelmo Gois, do jornal "O Globo".

    Segundo a notícia, Corrêa ainda trabalhava em Búzios e aproveitou o momento em que um transatlântico atracou próximo ao píer para fazer compras no "free-shop", que estava fechado.

    O juiz insistiu e discutiu com o comandante. A confusão acabou com a chegada da Polícia Federal, chamada por Corrêa, dizem testemunhas.

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