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    Crise da água

    Dilma e Alckmin discutem nesta segunda pacote contra crise da água

    NATUZA NERY
    ANDRÉIA SADI
    DE BRASÍLIA

    10/11/2014 02h00

    Passadas as eleições, a presidente Dilma Rousseff determinou à sua equipe empenho total para ajudar o governador Geraldo Alckmin a buscar uma saída para a crise hídrica em São Paulo.

    Os dois se reúnem hoje (10/11) em Brasília para avaliar um cardápio de medidas estimado em R$ 18,7 bilhões, conforme apurou a Folha.

    A maior parte do montante equivale a obras ainda não iniciadas e que poderiam suprir a necessidade futura de água no Estado. Uma pequena parte se refere a projetos em andamento.

    Na campanha presidencial, o problema no fornecimento em São Paulo foi explorado pelo PT e pela então candidata como exemplo de fracasso em gestões tucanas.

    Agora, passada a disputa, ministros de Dilma falam em "política da mão estendida".

    Desde o fim das eleições, presidente e governador vêm sinalizando uma aproximação. "Temos um conjunto de obras [a médio prazo] a serem feitas e a participação do governo federal é importante", disse Alckmin no sábado (8).

    Politicamente, a parceria interessa ao Planalto. Em termos de popularidade, por exemplo, Dilma pegaria carona em uma eventual melhora da situação hídrica no Estado.

    Dilma e Alckmin também discutirão medidas de impacto imediato, como a autorização, pela Agência Nacional de Águas, para que o reservatório de Atibainha opere em cota abaixo da hoje prevista e permissão de uso do volume morto -reserva abaixo do ponto de captação- para garantir o fornecimento até abril.

    A Folha obteve um documento do governo federal com uma lista de projetos que podem ser adotados para enfrentar o problema da escassez de água no Estado.

    "O Plano da Macrometrópole paulista prevê necessidade de acréscimo de 60 m³/s até 2030. As obras selecionadas pelo Estado até o momento adicionam 15 m³/s. Mesmo para essas obras, o Estado não equacionou os recursos necessários", diz o texto.

    Editoria de Arte/Folhapress

    BANCOS

    Com o pacote federal, a capacidade de São Paulo para resolver a crise aumenta substancialmente. O Planalto financiará parte dos R$ 18,7 bilhões, conforme disse a própria presidente na semana passada. A ajuda seria por meio de bancos públicos.

    Dos projetos em curso ou já anunciados, o cardápio inclui um empréstimo da Caixa de R$ 1,8 bilhão para a construção do sistema São Lourenço, adutora para reforçar o fornecimento em zonas críticas, e ações como a interligação dos reservatórios de Jaguari e Atibainha, no Cantareira. O primeiro está previsto para 2018; o outro, 2016.

    No caso do financiamento, a Folha apurou que a análise por parte da Caixa está "adiantada" e que o dinheiro pode sair rapidamente.

    Mas há limitações. O pacote prevê obras classificadas como "super-estruturantes", mas sem avanço de projeto ou de análise de impacto. "São obras de custo extremamente altos", diz o texto.

    Nesta lista estão as transposições do rio Juquiá e do reservatório Jurumirim, no rio Paranapanema, hoje focados no abastecimento de energia. Estimadas em R$ 12,4 bilhões, elas agregariam a metade da vazão que São Paulo precisa cumprir até 2030.

    As medidas devem dar alívio aos reservatórios que abastecem a Grande São Paulo, que estão em seu estado mais crítico. O nível do Cantareira neste domingo era de 11,4%, já contando com o segundo volume morto. Se ele não fosse contabilizado, seria de 0,7%.

    MOBILIDADE URBANA

    A reunião entre Alckmin e Dilma deve ainda discutir a liberação de recursos de convênios já firmados para a construção da linha 13 da CPTM (São Paulo ao aeroporto de Guarulhos), o prolongamento da linha 9-esmeralda até Varginha, na zona sul, e na reforma de estações.

    Colaborou FABRÍCIO LOBEL, de São Paulo*

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