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    Laurindo Brandelli (1931-2014) - Uma vida entre parreirais e barris de vinho

    ANDRESSA TAFFAREL
    DE SÃO PAULO

    13/11/2014 00h01

    Quando os filhos sugeriram que a vinícola da família levasse seu nome, Laurindo só fez uma ressalva: "Desde que não me façam besteira".

    A "besteira" que ele mais temia é que, preocupados em ampliar a produção, deixassem de prezar a qualidade.

    Filho de descendentes de italianos, Laurindo "nasceu debaixo do parreiral e foi criado numa pipa de vinho", como dizem no Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha.

    Seguindo os passos do pai e do avô, sempre vendeu a uva produzida na propriedade para vinícolas da região, até que, no início dos anos 1990, decidiu abrir uma da família, incentivado por um dos filhos que é enólogo. Surgia assim a Don Laurindo.

    O negócio começou com dois tipos de vinho. Hoje, são 16 produtos e oito variedades de uva, produzidas em 15 hectares na comunidade Oito da Graciema. E nem pensar em comprar a fruta "de fora", para não comprometer a qualidade da bebida.

    Em casa, mantinha as tradições dos antepassados: falava em italiano com a família, tomava vinho no almoço e no jantar (seu favorito era o merlot) e comia muita massa e polenta com radicchio.

    Extremamente regrado nos horários, acordava às 5h30 (até mesmo no inverno), almoçava ao meio-dia em ponto, jantava às 19h e, duas horas depois, já estava na cama.

    Ao lembrar dos tempos difíceis que enfrentou para tocar os negócios, sentia-se feliz com os últimos anos -"Cada vez melhor" ou "Lindo no mais", costumava dizer.

    Morreu na quinta (6), aos 83, de infarto. Deixa Doracy, após quase 60 anos de casamento, seis filhos e oito netos.

    coluna.obituario@uol.com.br

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